São Paulo, terça-feira, 11 de abril de 2006

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Diretor vê paralelo com personagem de Wagner

DA REPORTAGEM LOCAL

Hitler ainda era um anônimo aspirante a artista em Linz, Áustria, quando assistiu à ópera "Rienzi", de Wagner. Para Peter Cohen, esse foi um momento decisivo na vida daquele que viria a ser o führer do Reich alemão. À parte o exagero da conclusão, o fato é que "Rienzi", nas mãos de Wagner, tornou-se, já em 1842, o modelo de unidade nacional para uma Alemanha cansada de sua proverbial fragmentação.
Rienzi, ou Cola de Rienzo, era um pobre romano do século 14, tempo em que o esplendor da antiga Roma já era somente uma remota lembrança e no qual a grande cidade estava tomada de miseráveis. Revoltado com isso, Rienzi, com imensa capacidade oratória, convocou seus conterrâneos a lutar para restabelecer a Roma do passado e a unir o país em torno da figura de um imperador.
As marchas triunfais de Rienzi e seu desejo de retorno a um tempo de grandeza embeveceram Hitler, igualmente interessado em fazer-se o líder em torno de quem a Alemanha se uniria, por meio de um projeto cujo fim era a volta à "era de ouro" germânica. É possível que Cohen tenha se deixado levar facilmente pelo óbvio paralelo entre Rienzi e Hitler, mas uma coisa "Arquitetura da Destruição" prova: o führer claramente via-se como o autor, o produtor e o ator central de uma gigantesca ópera, cujo roteiro de força, sangue e morte celebraria o triunfo de sua vontade sobre o mundo.


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