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Diretor vê paralelo com personagem de Wagner
DA REPORTAGEM LOCAL
Hitler ainda era um anônimo
aspirante a artista em Linz, Áustria, quando assistiu à ópera
"Rienzi", de Wagner. Para Peter
Cohen, esse foi um momento decisivo na vida daquele que viria a
ser o führer do Reich alemão. À
parte o exagero da conclusão, o
fato é que "Rienzi", nas mãos de
Wagner, tornou-se, já em 1842, o
modelo de unidade nacional para
uma Alemanha cansada de sua
proverbial fragmentação.
Rienzi, ou Cola de Rienzo, era
um pobre romano do século 14,
tempo em que o esplendor da antiga Roma já era somente uma remota lembrança e no qual a grande cidade estava tomada de miseráveis. Revoltado com isso, Rienzi, com imensa capacidade oratória, convocou seus conterrâneos a
lutar para restabelecer a Roma do
passado e a unir o país em torno
da figura de um imperador.
As marchas triunfais de Rienzi e
seu desejo de retorno a um tempo
de grandeza embeveceram Hitler,
igualmente interessado em fazer-se o líder em torno de quem a Alemanha se uniria, por meio de um
projeto cujo fim era a volta à "era
de ouro" germânica. É possível
que Cohen tenha se deixado levar
facilmente pelo óbvio paralelo entre Rienzi e Hitler, mas uma coisa
"Arquitetura da Destruição" prova: o führer claramente via-se como o autor, o produtor e o ator
central de uma gigantesca ópera,
cujo roteiro de força, sangue e
morte celebraria o triunfo de sua
vontade sobre o mundo.
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