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Crítica/"Estômago"
Longa despretensioso traz um João Miguel espetacular
DO CRÍTICO DA FOLHA
Diz o ditado que "o peixe
morre pela boca" e
uma velha máxima
afirma que "se pega o homem
pelo estômago". O estreante
Marcos Jorge joga com os significados dessas fórmulas ao
contar a história de um "paraíba" que chega ao Sudeste e se
vira como cozinheiro.
A intenção não é fazer mais
uma crônica sobre as disparidades sociais. Jorge explora os
significados culturais e afetivos
associados aos hábitos de comer, junto das várias acepções
da expressão "estar preso".
"Estômago" é construído em
dois tempos, que se associam
até uma reviravolta dramática.
Trata-se de um filme de personagens, com uma riqueza de
nuances pouco comum por
aqui. João Miguel, à frente de
um elenco pouco conhecido,
está espetacular na pele de Raimundo Nonato. Em vez de confiar apenas no sabor dos diálogos e na caracterização dos tipos, o diretor também sabe explorar com segurança as possibilidades narrativas, a riqueza
cênica dos espaços de cozinhas
e celas e as situações que Nonato se envolve à sua revelia.
"Estômago", em sua despretensão, consegue aquilo que o
cinema brasileiro deveria procurar com mais regularidade:
satisfazer seu público.
(CSC)
ESTÔMAGO
Produção: Brasil/Itália, 2007
Direção: Marcos Jorge
Com: João Miguel, Babu Santana
Onde: a partir de hoje no Espaço
Unibanco, Villa-Lobos e circuito
Avaliação: bom
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