São Paulo, segunda-feira, 11 de abril de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros CRÍTICA MÚSICA ERUDITA Sinfônica Heliópolis mostra grande potencial em obra de Gustav Mahler SIDNEY MOLINA CRÍTICO DA FOLHA A caminho da Sala São Paulo para o concerto de estreia de Isaac Karabtchevsky como regente da Sinfônica Heliópolis era impossível não considerar a imensa dificuldade que seria, para uma orquestra jovem, interpretar a "Sinfonia nº 2" de Gustav Mahler (1860-1911). Estreada em 1895, a "Ressurreição" -o nome se deve ao poema de Friedrich Klopstock (1724-1803) utilizado no final- é um ponto culminante do romantismo. Dura cerca de uma hora e meia, utiliza enormes forças instrumentais, inclui uma canção para voz feminina (que foi interpretada com categoria por Ednéia de Oliveira) e adiciona soprano solista e coro no movimento final. A orquestra, mantida pelo Instituto Baccarelli, é o ponto culminante de um complexo projeto educacional. Ao contrário de outros organismos do projeto, ela é predominantemente constituída por jovens selecionados fora de Heliópolis. Que a festa seria bonita parecia não haver dúvida: a sala ficou absolutamente lotada por um público formado por estudantes universitários, familiares de músicos e adolescentes que integram diferentes projetos de inclusão social, como o Guri e o próprio Baccarelli. AMBIÇÃO Qualquer temor quanto à ambição na escolha do repertório foi dissipado já nos primeiros compassos da espetacular marcha fúnebre de Mahler: boa afinação, equilíbrio, andamento claro e uma invejável concentração. Karabtchevsky parece estar no auge de sua exitosa carreira. O gestual elegante e econômico contorna a arquitetura estrutural das obras sem abdicar dos detalhes e a segurança com que exerce o seu ofício maximiza as características dos grupos com os quais interage. Mas, para que os jovens tocassem a obra com tanta dignidade, certamente ensaiaram arduamente. Guiada pelo mais importante regente brasileiro em atividade, a Sinfônica Heliópolis tem uma estrada promissora à frente; para segui-la, basta manter a excelência musical como horizonte. SINFÔNICA HELIÓPOLIS AVALIAÇÃO ótimo Texto Anterior: Crítica/Animação: "Rio" diverte, mas não escapa dos clichês e superficialidades Próximo Texto: Luiz Felipe Pondé: Nós, os pterodátilos Índice | Comunicar Erros

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