|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Livro é impassível frente ao absurdo
DA REPORTAGEM LOCAL
"PanAmérica" acompanha um
narrador insensível frente a uma
sucessão alucinante de absurdos a
que é submetido.
Neste livro tudo é grande. Há
multidões, imensos cenários e
aviões. O narrador, que diz "eu"
centenas de vezes, começa dirigindo uma superprodução sobre
a Bíblia. Interage com estrelas,
transa com Marylin Monroe, vê
-impassível- morrerem figurantes, transforma soldados em
eunucos e assim por diante.
Encontra Che Guevara, guerrilheiros venezuelanos, topa com
Joe Di Maggio, De Gaulle -toda
uma constelação de estrelas de cinema e políticos célebres. No fim,
um verdadeiro caos, onde ganha
papel a Estátua da Liberdade e até
um fantástico peixe cósmico.
Em "PanAmérica", a mitologia
do cinema encontra os cenários
do imperialismo, da Guerra Fria,
das guerrilhas de esquerda. História e ficção misturam-se numa
narrativa fantástica e ao mesmo
tempo modorrenta, sem clímax.
O livro é de 1967, ano em que
nasceram "Sargent Peppers", dos
Beatles, "Terra em Transe", de
Glauber Rocha, e a montagem de
José Celso Martinez Corrêa para
"O Rei da Vela". "Agrippino foi
extremamente influente em meu
trabalho. Visto hoje, "PanAmérica" é um livro que não é "anos 60".
É contemporâneo, contém um
delírio que não caberia em nenhum filme americano, é um épico global", disse à Folha o diretor
teatral.
(SC)
Texto Anterior: PanAméricas de Áfricas utópicas... Próximo Texto: Trechos Índice
|