São Paulo, domingo, 11 de maio de 2008

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Série marca consultas com o analista

Público pode acompanhar sessões semanais dos pacientes de "Em Terapia", atendidos por personagem de Gabriel Byrne

Programa é a nova aposta da HBO para recuperar parte do prestígio perdido após encerramento de "Família Soprano" e "Sex and the City"


LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Órfã das meninas buliçosas de "Sex and the City" (1998-2004) e dos mafiosos de "A Família Soprano" (1999-2007), que ajudaram a formatar sua identidade de canal ousado e inovador (além de adorado pela crítica), a HBO norte-americana resolveu marcar uma hora no terapeuta. Cinco, para ser mais preciso.
O resultado é "Em Terapia", série exibida cinco vezes por semana na qual o psicanalista Paul Weston (Gabriel Byrne, de "Os Suspeitos" e "O Homem da Máscara de Ferro") ouve, de segunda a quinta, as agonias de pacientes de perfis distintos. Às sextas, é ele quem desfia suas dores para a colega de profissão Gina (Diane Wiest, de "Tiros na Broadway"). O primeiro dos 43 episódios da temporada inaugural vai ao ar amanhã na HBO brasileira.
A divisão da história em cinco subtramas independentes (o espectador pode escolher a que deseja acompanhar, já que os pacientes têm dia fixo para "voltar") é parte do esforço da HBO para reconquistar o público e a imprensa especializada nos Estados Unidos.
Nos últimos anos, safras ruins (de "Carnivale" a "John from Cincinatti") deixaram a emissora sem "peças de reposição" para suas séries-assinatura, que envelheceram e saíram do ar. As atenções e simpatias migraram para canais como Showtime (casa de "Weeds" e "Californication") e FX ("Nip/ Tuck" e "Damages").

Modelo israelense
A HBO, então, foi às compras em Israel: adquiriu o formato de "Be'Tipul", série em que um terapeuta escutava, entre outros tipos, uma anestesista desgostosa da vida afetiva e um militar com estresse pós-traumático causado por sua atuação na morte de inocentes em um conflito armado. Na transposição para a TV americana, manteve-se o registro austero, calcado em texto e atuações -a câmera raramente deixa o consultório.
O despojamento de "Em Terapia" parece ter ajudado a encerrar a cisma da crítica com a HBO. Os comentários foram majoritariamente positivos. O "New York Times", por exemplo, chamou o programa de "inteligente e hipnótico", e os episódios, de "viciantes".
Na contramão, a revista "Variety" acusou uma certa empolação teatral nas atuações, além da escolha de uma fauna de personagens incapaz de gerar identificação no público. O público dos EUA se fiou nessa turma "do contra", a julgar pelos índices de audiência da estréia, em janeiro passado. Menos de 450 mil pessoas viram a anestesista Laura reclamar do namorado e declarar seu amor pelo dr. Weston.
Em seus dias áureos, "A Família Soprano" teve mais de 10 milhões de espectadores. O mulherio de "Sex and the City" beirava os oito milhões. Preterido, dr. Weston já tem o que choramingar para sua terapeuta das sessões de sexta.


EM TERAPIA
Quando: estréia amanhã, às 20h30; de segunda a sexta, no mesmo horário
Onde: na HBO (classificação: 16 anos)



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