São Paulo, sexta-feira, 11 de junho de 2004

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MÚSICA

Projeto da Funarte, que durou 20 anos e foi interrompido em 1997, levará shows às 27 capitais e mais 12 cidades

Pixinguinha roda país a partir de setembro

SHIN OLIVA SUZUKI
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Com o intuito de colocar para rodar pelo país artistas que não contam com a infra-estrutura de grandes turnês, o projeto Pixinguinha volta com a cara de 1997, ano em que foi interrompido após duas décadas de existência.
A série de apresentações é organizada pela Funarte (Fundação Nacional de Arte, órgão vinculado ao Ministério da Cultura) e visitará entre setembro e novembro deste ano as 27 capitais do Brasil e mais 12 cidades (por enquanto, apenas Campinas, Londrina, Niterói, Olinda e Blumenau estão confirmadas).
Parte do elenco será formado por artistas escalados para o então último ano do projeto -durante o governo Fernando Henrique Cardoso-, que não chegaram a fazer a turnê de despedida. Apenas Ana de Hollanda, hoje diretora do Centro de Música da Funarte, e Canhoto da Paraíba, por problemas de saúde, ficaram de fora. A dívida, como assim considera o órgão, será paga a 14 artistas -Jards Macalé, dona Ivone Lara, Joyce, Época de Ouro, Ná Ozetti, Billy Blanco, Jane Duboc, Caio César, Ellen de Lima, Nó em Pingo d'Água, Sebastião Tapajós, Zé Renato, Mário Adnet e Miltinho. Cada atração receberá cachê de R$ 1.600 por show.
"O Pixinguinha será uma alternativa a esse processo de massificação de poucas opções de shows em alguns lugares com os mesmos artistas", afirma Ana de Hollanda.
A outra parte da programação será feita por edital, cuja ficha de inscrição está disponível no site da Funarte (www.funarte.gov. br), que selecionará mais 22 nomes, e por artistas locais indicados pelas secretarias de Cultura dos Estados. A lista final será definida por uma comissão de críticos e notáveis.
"Haverá o cuidado de escolher jurados com uma visão musical qualitativa, mas também ampla", diz Ana de Hollanda, sobre a possibilidade de o escopo de gêneros a ser abarcado pelo Pixinguinha ser reduzido.
O ministro da Cultura, Gilberto Gil, após cerimônia de lançamento, anteontem em Brasília, afirmou que, "com o tempo, a cara do projeto ganhará forma de acordo com a dinâmica e a complexidade da música do Brasil".
O curto prazo para inscrições -até 9 de julho-, de acordo com Antonio Grassi, presidente da Funarte, é para que a iniciativa seja viabilizada ainda para este ano. "E quem está interessado em participar já tinha conhecimento de que o projeto estava em vias de ser aprovado", diz.
Outra tônica do Pixinguinha será o ingresso a preços populares -que variam da entrada gratuita a R$ 5. Essa faixa está no cálculo do orçamento de R$ 3 milhões que é previsto para este ano. Metade desse montante veio da Petrobras, que não pode garantir presença no projeto em 2005 -as verbas de patrocínio cultural são definidas por uma comissão, de acordo com o faturamento da empresa no ano anterior.
As apresentações do Pixinguinha 2004 serão registradas para o acervo da Funarte, que também possui performances históricas de Cartola, Gonzaguinha, Nara Leão, entre outros artistas, em edições anteriores. Ana de Hollanda diz que há a intenção de digitalizar esse material para torná-lo disponível para audição livre por meio da internet.


O jornalista Shin Oliva Suzuki viajou a convite da Funarte


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