Atrizes da série encenam "Confissões das Mulheres de 30", de Domingos Oliveira, sucessão de monólogos sobre relações afetivas e sexo Diretora Fernanda D'Umbra diz que foi reticente à idéia de repetir a parceria da TV no teatro, por medo de parecer oportunista

Lenise Pinheiro/Folha Imagem

Juliana Araripe, Camila Raffanti e Melissa Vettore fazem a peça

LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

As balzaquianas da série "Mothern" deixaram a cria em casa para, no palco, deitar o verbo sobre frustrações afetivas, existenciais e sexuais sem pudores. O resultado é a peça "Confissões das Mulheres de 30", de Domingos Oliveira, encenada por três atrizes do programa (Camila Raffanti, Juliana Araripe e Melissa Vettore) sob a direção da quarta, Fernanda D'Umbra.
Em 93, o dramaturgo carioca costurou textos de Clarice Niskier, Priscilla Rozenbaum, Maitê Proença e outros para traçar um perfil da mulher que "perdeu a inocência, mas ainda não adquiriu a sabedoria". Nos monólogos (o espetáculo é uma sucessão deles), inseriu pérolas como "ter 30 anos é viver no agora ou nunca" e "ex-marido com camisinha não dá, é triste". D'Umbra, 37, diz que foi reticente à idéia de estender ao teatro a parceria com as colegas de TV. Temeu ser acusada de oportunismo, de fazer "um subproduto da série". Mas a prosa de Oliveira, "popular e sofisticada", a convenceu. Vettore, 36, aponta a diferença da peça para "Mothern": "Quem vem procurando personagens da série encontra uma mulherada muitos decibéis acima. São umas cariocas!".
Outra comparação à qual o quarteto está sujeito é aquela com as beldades de "Sex and the City". "Elas são muito mais magras", bagunça D'Umbra. "Lá, as histórias e personagens têm uma ligação com o consumismo que não temos", sugere Raffanti. "Aquelas mulheres procuram. Aqui, estão reclamando do que já acharam", pontifica Eduardo Wotzik, que supervisiona a montagem.