São Paulo, quarta-feira, 11 de junho de 2008

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Franceses trocam instrumentos por toca-discos

A banda Birdy Nam Nam cria canções em estilos como jazz, electro e hip hop utilizando apenas os pick-ups

Em entrevista à Folha, DJ Need fala sobre o processo de criação do grupo e dá dicas do novo CD; primeiro disco está saindo no Brasil

ADRIANA FERREIRA SILVA
EDITORA DO GUIA DA FOLHA

Como a maioria das bandas, no quarteto francês Birdy Nam Nam um integrante atua marcando o ritmo da música com a bateria, enquanto outro solta as linhas graves do baixo, que combinam com os riffs da guitarra do terceiro e com os vocais do quarto. Só que eles fazem tudo isso sem instrumentos, apenas com os toca-discos.
Inédito no Brasil, o grupo parisiense vem ao país para dois shows: em 20 de junho, toca em São Paulo, abrindo o festival Panorama do Cinema Francês; no dia seguinte (21/6), eles participam da quarta edição da Fête de la Musique, em Brasília.
Pegando carona na passagem deles por aqui, a gravadora ST2 lança a versão nacional de seu primeiro disco, "Birdy Nam Nam" -leia texto ao lado.
Formado pelos DJs/produtores Need, Crazy B., Pone e Little Mike, o Birdy Nam Nam se encaixa na categoria das "crews" especializadas em "turntablism" -times formados por DJs que são craques em fazer malabarismos nos pick-ups-, cujos representantes mais famosos são os norte-americanos Beat Junkies e Invisibl Skratch Piklz.
Assim como eles, os integrantes do Birdy Nam Nam estrearam como DJs de bandas de hip hop e participaram de competições como o DMC (Disco Mix Club), a mais importante batalha internacional de disc-jóqueis.
Foi, aliás, após ganharem tocando juntos na edição de 2002 do DMC Technics World Team Championships que eles decidiram abandonar as batalhas e gravar um álbum.
Hoje, se consideram um conjunto como qualquer outro. "No início, o [DJ americano] Q-Bert, do Invisibl Skratch Piklz, era a nossa grande inspiração.
Após começarmos a fazer música em parceria, passamos a ser um grupo que utiliza os toca-discos como instrumentos. Atuamos como uma banda de rock clássica", contou em entrevista à Folha o DJ Need, 32.
Para eles, os pick-ups são uma maneira de experimentar o recorte e a colagem de novos sons, que resultam em canções pontuadas por scratches e interferências eletrônicas.
"No primeiro disco, fizemos quase tudo apenas com os samples e toca-discos", descreve Need. A intenção, diz ele, era descobrir como utilizar os pick-ups para compor, sem muita idéia de qual seria o ritmo que resultaria dessa união.
"Naquele momento, tudo o que soasse bem nós juntávamos e fazíamos músicas. Eram muitas as influências, por isso, algumas faixas são mais "jazzy", outras mais electro, outras ainda downtown hip hop", explica Need. "Ao vivo, nossa música muda dramaticamente. Tem muito mais energia, fica mais eletrônica e, de certa maneira, até mais rock'n'roll."
Os shows, em que eles apresentam somente músicas próprias, a maior parte, faixas novas, influenciaram a maneira do Birdy Nam Nam compor. No segundo disco, que sai em setembro na França -e também deve ser lançado no Brasil-, a banda mostrará um som diferente, com vocais e letras.
"Estamos compondo as batidas utilizando também sintetizadores, bateria eletrônica e todo o tipo de recurso, inclusive instrumentos de verdade", diz Need. "Queremos passar a mesma excitação de quando estamos atrás dos toca-discos."


BIRDY NAM NAM
Quando:
dia 20, a partir das 24h (SP); dia 21, às 17h (DF)
Onde: em São Paulo, no clube Vegas (r. Augusta, 765, tel. 0/xx/11/3231-3705; classificação: 18 anos); em Brasília, na Concha Acústica (orla do lago Paranoá, tel. 0/xx/61/ 3218-9108; classificação: livre)
Quanto: R$ 30 (SP); grátis (DF)


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