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Franceses trocam instrumentos por toca-discos
A banda Birdy Nam Nam cria canções em estilos como
jazz, electro e hip hop utilizando apenas os pick-ups
Em entrevista à Folha, DJ Need fala sobre o processo
de criação do grupo e dá dicas do novo CD; primeiro
disco está saindo no Brasil
ADRIANA FERREIRA SILVA
EDITORA DO GUIA DA FOLHA
Como a maioria das bandas,
no quarteto francês Birdy Nam
Nam um integrante atua marcando o ritmo da música com a
bateria, enquanto outro solta as
linhas graves do baixo, que
combinam com os riffs da guitarra do terceiro e com os vocais do quarto. Só que eles fazem tudo isso sem instrumentos, apenas com os toca-discos.
Inédito no Brasil, o grupo parisiense vem ao país para dois
shows: em 20 de junho, toca em
São Paulo, abrindo o festival
Panorama do Cinema Francês;
no dia seguinte (21/6), eles participam da quarta edição da Fête de la Musique, em Brasília.
Pegando carona na passagem
deles por aqui, a gravadora ST2
lança a versão nacional de seu
primeiro disco, "Birdy Nam
Nam" -leia texto ao lado.
Formado pelos DJs/produtores Need, Crazy B., Pone e
Little Mike, o Birdy Nam Nam
se encaixa na categoria das
"crews" especializadas em
"turntablism" -times formados por DJs que são craques em
fazer malabarismos nos pick-ups-, cujos representantes
mais famosos são os norte-americanos Beat Junkies e Invisibl Skratch Piklz.
Assim como eles, os integrantes do Birdy Nam Nam estrearam como DJs de bandas
de hip hop e participaram de
competições como o DMC
(Disco Mix Club), a mais importante batalha internacional
de disc-jóqueis.
Foi, aliás, após ganharem tocando juntos na edição de 2002
do DMC Technics World Team
Championships que eles decidiram abandonar as batalhas e
gravar um álbum.
Hoje, se consideram um conjunto como qualquer outro.
"No início, o [DJ americano] Q-Bert, do Invisibl Skratch Piklz,
era a nossa grande inspiração.
Após começarmos a fazer música em parceria, passamos a
ser um grupo que utiliza os toca-discos como instrumentos.
Atuamos como uma banda de
rock clássica", contou em entrevista à Folha o DJ Need, 32.
Para eles, os pick-ups são
uma maneira de experimentar
o recorte e a colagem de novos
sons, que resultam em canções
pontuadas por scratches e interferências eletrônicas.
"No primeiro disco, fizemos
quase tudo apenas com os samples e toca-discos", descreve
Need. A intenção, diz ele, era
descobrir como utilizar os
pick-ups para compor, sem
muita idéia de qual seria o ritmo que resultaria dessa união.
"Naquele momento, tudo o
que soasse bem nós juntávamos e fazíamos músicas. Eram
muitas as influências, por isso,
algumas faixas são mais "jazzy",
outras mais electro, outras ainda downtown hip hop", explica
Need. "Ao vivo, nossa música
muda dramaticamente. Tem
muito mais energia, fica mais
eletrônica e, de certa maneira,
até mais rock'n'roll."
Os shows, em que eles apresentam somente músicas próprias, a maior parte, faixas novas, influenciaram a maneira
do Birdy Nam Nam compor.
No segundo disco, que sai em
setembro na França -e também deve ser lançado no Brasil-, a banda mostrará um som
diferente, com vocais e letras.
"Estamos compondo as batidas
utilizando também sintetizadores, bateria eletrônica e todo
o tipo de recurso, inclusive instrumentos de verdade", diz
Need. "Queremos passar a
mesma excitação de quando
estamos atrás dos toca-discos."
BIRDY NAM NAM
Quando: dia 20, a partir das 24h (SP);
dia 21, às 17h (DF)
Onde: em São Paulo, no clube Vegas (r.
Augusta, 765, tel. 0/xx/11/3231-3705; classificação: 18 anos); em Brasília, na Concha Acústica
(orla do lago Paranoá, tel. 0/xx/61/
3218-9108; classificação: livre)
Quanto: R$ 30 (SP); grátis (DF)
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