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Política e terror dominaram as mesas da festa
LUIZ FERNANDO VIANNA
ENVIADO ESPECIAL A PARATI
A crise do governo Lula e
os atentados em Londres suplantaram os assuntos literários da terceira edição da
Flip. Esta foi a Flip do real,
muito mais do que da ficção.
Além da performance de
Ariano Suassuna, os grandes
momentos da festa foram as
duas mesas da manhã de sábado. Na primeira, Arnaldo
Jabor arrancou vaias e
aplausos ao defender a gestão Fernando Henrique Cardoso e atacar o governo petista, enquanto o rapper MV
Bill e o sociólogo Luiz
Eduardo Soares brilharam
com relatos sobre a violência
contra pobres e negros.
Na segunda, os jornalistas
e escritores Jon Lee Anderson e Pedro Rosa Mendes
usaram uma receita semelhante à de Bill: despertar o
público para verdades que
nem sempre são noticiadas,
mas com tom emotivo. O
americano Anderson cobriu
a Guerra do Iraque, base de
seu livro "A Queda de Bagdá", e o português Mendes
retratou a devastação de Angola em "Baía dos Tigres".
Salman Rushdie falou em
Parati de terrorismo, guerra
da Caxemira (entre a sua Índia natal e o Paquistão) e da
dificuldade de ser otimista.
O israelense David Grossman comentou a "exaustão"
do conflito de seu país com
os palestinos. A argentina
Beatriz Sarlo e o brasileiro
Roberto Schwarcz falaram
do difícil papel dos intelectuais hoje e da desilusão com
os governos de FHC e Lula.
Pode-se afirmar que a supremacia da não-ficção foi incontestável neste ano.
"Os livros de não-ficção
vendem mais do que os de
ficção. O sucesso dessas mesas corrobora a suposição de
que o interesse do público é
maior por não-ficção. Talvez
porque os temas sejam mais
abrangentes", disse Ruth
Lanna, diretora da Flip.
A Flip 2005 (que custou R$
3,8 milhões, segundo a organização) não recebeu a constelação de 2004 (Chico Buarque, Caetano Veloso, Paul Auster, Ian McEwan, Martin
Amis...), mas teve uma diversidade maior de assuntos
e participação mais efetiva
da cidade. Cerca de 12 mil
pessoas visitaram Parati nos
últimos cinco dias.
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