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Segundo semestre sugere raros candidatos ao sucesso
DA REPORTAGEM LOCAL
Dos 39 filmes brasileiros lançados neste ano (até o fim de junho), apenas um ultrapassou a
marca de 1 milhão de espectadores, segundo o acompanhamento de mercado feito pela
Agência Nacional do Cinema.
"A Grande Família", de Maurício Farias -transposição para a telona da série homônima
da Globo- conseguiu 2 milhões de espectadores e o sexto
lugar no ranking dos dez filmes
mais vistos no país, posição que
deve perder em breve, se
"Harry Potter - A Ordem da Fênix" atrair os milhões de espectadores que se prevê para ele.
Neste segundo semestre, pelo menos mais 30 filmes brasileiros devem ser lançados, mas
os candidatos a sucesso popular -aqueles que estrearão simultaneamente em mais de
cem salas de cinema- contam-se nos dedos.
São os casos de "Primo Basílio", de Daniel Filho, que estreará em 10 de agosto, e "Magnata", de Johnny Araújo, previsto para novembro. Ambos
terão entre 120 e 150 cópias no
lançamento, segundo informa
a distribuidora Columbia.
Daniel Filho é o autor do sucesso nacional isolado de 2006
-"Se Eu Fosse Você", que teve
3,6 milhões de espectadores.
Além dele, apenas mais um filme, "Didi - O Caçador de Tesouros", cruzou a barreira do 1
milhão de espectadores, e por
pouco: alcançou 1,024 milhão.
O candidato da Warner a
blockbuster nacional neste semestre é "O Homem que Desafiou o Diabo", de Moacyr Goes,
que estréia no dia 28 de setembro, em 150 cinemas.
A Fox afirma que ainda não
definiu com quantas cópias
lançará "Cidade dos Homens",
de Paulo Morelli, no próximo
dia 31 de agosto.
Mas a expectativa de Morelli,
é, decididamente, por um encontro com o grande público.
"Acho equivocado fazer filmes para poucas pessoas [verem]. Cinema tem que ser arte
popular. Falar com o público é
obrigação do cineasta", afirma
o diretor, que está em seu terceiro longa-metragem.
Antes de "Cidade dos Homens", Morelli, que é sócio do
cineasta Fernando Meirelles
("Cidade de Deus") na produtora O2 Filmes, dirigiu "Viva
Voz" e "O Preço da Paz".
"Três cinemas"
O cineasta acha que há, hoje,
no Brasil, "basicamente três tipos de cinema sendo feitos".
Entre eles, "um que não quer se
comunicar com o público, que
não está nem aí para ele, que segue uma tradição glauberiana e
se autointitula como arte".
Na ponta oposta, existem, na
opinião de Morelli, os filmes
que obedecem a "uma tentativa
desesperada de fazer público a
qualquer custo, que caem em
grosserias, transposições literais de programas de televisão e
em vulgarizações".
O "caminho do meio", que interessa ao diretor, conforme ele
afirma, "é o de um cinema que
tenha qualidade, que lide com o
conteúdo artístico e que se comunique com o público, ao
mesmo tempo".
O diretor de "Cidade dos Homens" acha que "existe toda
uma geração contemporânea
que quer seguir esse caminho
do meio. O problema é que é difícil mesmo. Cinema é uma arte
industrial bem complicada. São
poucos os que conseguem".
"Cidade dos Homens" acompanha os personagens Laranjinha (Darlan Cunha) e Acerola
(Douglas Silva) às voltas com a
paternidade, o trabalho e a vida
na favela. Mostrar "o que é uma
favela no Brasil e como é viver
ali" foi uma das motivações do
diretor para rodar seu longa.
Ciente de que será posto à
prova com essa seqüência de
"Cidade de Deus" -filme que,
em 2002, com diretor e elenco
desconhecidos, teve inesperados 3,2 milhões de espectadores- Morelli diz: "Em setembro saberemos se acertei".
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