São Paulo, quarta-feira, 11 de julho de 2007

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Segundo semestre sugere raros candidatos ao sucesso

DA REPORTAGEM LOCAL

Dos 39 filmes brasileiros lançados neste ano (até o fim de junho), apenas um ultrapassou a marca de 1 milhão de espectadores, segundo o acompanhamento de mercado feito pela Agência Nacional do Cinema.
"A Grande Família", de Maurício Farias -transposição para a telona da série homônima da Globo- conseguiu 2 milhões de espectadores e o sexto lugar no ranking dos dez filmes mais vistos no país, posição que deve perder em breve, se "Harry Potter - A Ordem da Fênix" atrair os milhões de espectadores que se prevê para ele.
Neste segundo semestre, pelo menos mais 30 filmes brasileiros devem ser lançados, mas os candidatos a sucesso popular -aqueles que estrearão simultaneamente em mais de cem salas de cinema- contam-se nos dedos.
São os casos de "Primo Basílio", de Daniel Filho, que estreará em 10 de agosto, e "Magnata", de Johnny Araújo, previsto para novembro. Ambos terão entre 120 e 150 cópias no lançamento, segundo informa a distribuidora Columbia.
Daniel Filho é o autor do sucesso nacional isolado de 2006 -"Se Eu Fosse Você", que teve 3,6 milhões de espectadores. Além dele, apenas mais um filme, "Didi - O Caçador de Tesouros", cruzou a barreira do 1 milhão de espectadores, e por pouco: alcançou 1,024 milhão.
O candidato da Warner a blockbuster nacional neste semestre é "O Homem que Desafiou o Diabo", de Moacyr Goes, que estréia no dia 28 de setembro, em 150 cinemas.
A Fox afirma que ainda não definiu com quantas cópias lançará "Cidade dos Homens", de Paulo Morelli, no próximo dia 31 de agosto.
Mas a expectativa de Morelli, é, decididamente, por um encontro com o grande público.
"Acho equivocado fazer filmes para poucas pessoas [verem]. Cinema tem que ser arte popular. Falar com o público é obrigação do cineasta", afirma o diretor, que está em seu terceiro longa-metragem.
Antes de "Cidade dos Homens", Morelli, que é sócio do cineasta Fernando Meirelles ("Cidade de Deus") na produtora O2 Filmes, dirigiu "Viva Voz" e "O Preço da Paz".

"Três cinemas"
O cineasta acha que há, hoje, no Brasil, "basicamente três tipos de cinema sendo feitos". Entre eles, "um que não quer se comunicar com o público, que não está nem aí para ele, que segue uma tradição glauberiana e se autointitula como arte".
Na ponta oposta, existem, na opinião de Morelli, os filmes que obedecem a "uma tentativa desesperada de fazer público a qualquer custo, que caem em grosserias, transposições literais de programas de televisão e em vulgarizações".
O "caminho do meio", que interessa ao diretor, conforme ele afirma, "é o de um cinema que tenha qualidade, que lide com o conteúdo artístico e que se comunique com o público, ao mesmo tempo".
O diretor de "Cidade dos Homens" acha que "existe toda uma geração contemporânea que quer seguir esse caminho do meio. O problema é que é difícil mesmo. Cinema é uma arte industrial bem complicada. São poucos os que conseguem".
"Cidade dos Homens" acompanha os personagens Laranjinha (Darlan Cunha) e Acerola (Douglas Silva) às voltas com a paternidade, o trabalho e a vida na favela. Mostrar "o que é uma favela no Brasil e como é viver ali" foi uma das motivações do diretor para rodar seu longa.
Ciente de que será posto à prova com essa seqüência de "Cidade de Deus" -filme que, em 2002, com diretor e elenco desconhecidos, teve inesperados 3,2 milhões de espectadores- Morelli diz: "Em setembro saberemos se acertei".


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