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Crítica/"Viagem ao Centro da Terra - O Filme"
3D garante fascínio de longa confuso
Embora opção por planos rápidos atrapalhe efeito, filme maximiza visão e acrescenta nova textura a cenas fantásticas
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Ao fim da projeção para
imprensa em 3D digital
de "Viagem ao Centro
da Terra - O Filme", os espectadores se olham um tanto estupefatos: será que dessa vez o 3D
emplaca? A Playarte, proprietária do cine Bristol, um dos locais onde o filme será exibido,
garante que tomou todas as
providências para o êxito da
empreitada.
E tudo leva a acreditar que
"Viagem ao Centro da Terra" se
constitui pelo menos numa
atração especial para os espectadores, no sentido de experiência sensorial. A dúvida é a
mesma das experiências passadas: até que ponto filmes sucessivos conseguirão manter a curiosidade dos espectadores pelo processo? Hoje em dia, as novidades sucedem-se (e recobrem-se) numa velocidade espantosa (dentro de pouco tempo, o Unibanco Bourbon deve
inaugurar sua sala Imax), e o
3D precisa sempre superar no
mínimo a barreira dos óculos
que o espectador é chamado a
colocar antes da sessão.
A impressão deixada por
"Viagem" é ótima. Temos a
aventura de um professor desacreditado (Brendan Fraser)
que, na companhia do desconfiado filho (Josh Hutcherson) e
de uma guia (Anita Briem), se
dispõe a encontrar o centro da
Terra. O professor segue as pegadas de Júlio Verne (autor do
livro original), a quem considera muito mais que um escritor
de ficção científica. A guia (filha
de outro professor desacreditado) tem o sujeito na conta de
um lunático, mas acaba se envolvendo na aventura. E, camada após camada, os três acabam
se aproximando cada vez mais
do centro da Terra.
Em cada camada, haverá
sempre oportunidade para
quedas espetaculares, andanças em montanhas-russas,
combates com animais monstruosos (entre eles os indefectíveis dinossauros): tudo, enfim,
capaz de tornar mais vívida a
experiência do filme em relevo,
de exponenciar a visão.
Direção atrapalha
O que seria dessa "Viagem"
sem o 3D é difícil dizer. Com
ele, o filme garante uma experiência não raro fascinante.
Não por acaso, para dirigir o filme foi convocado um especialista em efeitos (ganhador do
Oscar por "Pearl Harbor"), Eric
Brevig. Não por acaso também,
é no início, quando expõe sua
trama, que o filme se mostra
um tanto confuso: Brevig dirige
à moda contemporânea do cinema americano de aventuras:
com planos muito curtos se sucedendo. Ora, na terceira dimensão isso representa um duplo incômodo: 1) provoca alguma confusão visual, já que a fixação do olhar do espectador
nas coisas é impossível; 2) por
conseguinte, esteriliza a experiência do 3D.
Depois das primeiras cenas,
ao menos nos momentos de
diálogo, o filme se acalma e permite ao espectador desfrutar
aquilo que o 3D tem a oferecer.
Talvez numa versão futura de
"Viagem", no mesmo processo,
seja possível ainda desfrutar do
mistério que envolve essa viagem fantástica e que, aqui, concentra-se todo no novo processo tecnológico, o que é normal.
VIAGEM AO CENTRO DA TERRA - O FILME
Produção: EUA, 2008
Direção: Eric Brevig
Com: Brendan Fraser, Josh Hutcherson, Anita Briem
Onde: estréia hoje nos cines Bristol, Anália Franco e circuito; livre
Avaliação: bom
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