São Paulo, domingo, 11 de julho de 2010

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Como era gostoso o meu francês

Na pele de um costureiro fajuto em "Ti Ti Ti", Alexandre Borges se alterna há 30 anos entre galãs e comédias escrachadas

Daryan Dornelles/Folhapress
O ator Alexandre Borges, protagonista da novela "Ti Ti Ti"

IVAN FINOTTI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Vem aí o costureiro trapalhão! Não, não se trata do mais recente longa-metragem de Didi Mocó e cia., mas sim do novo personagem do ator Alexandre Borges.
Com cabelos rebeldes e grisalhos, o galã vive, a partir do próximo dia 19, o libidinoso costureiro "francês" Jacques Leclair. Personagem que, na verdade, está longe de ser novo: foi criado em 1985 para a novela "Ti Ti Ti", que está sendo refilmada.
Com lencinhos amarrados no pescoço e trejeitos afeminados, Leclair disputará com Victor Valentim (um costureiro "espanhol" fajuto interpretado por Murilo Benício) a primazia pelo bolso dos emergentes da zona leste paulistana.
E não só do bolso, já que o conquistador Leclair vai seduzir toda a clientela do Tatuapé com seu sotaque francês de meia tigela (leia mais nesta página).
Apesar da comédia, Borges anda um pouco tenso ultimamente. É a TPE (tensão pré-estreia) da novela, um sentimento que aflora em atores e atrizes em geral, independente de gênero.
"Não adianta nada me divertir gravando as cenas", diz. "Quem tem de gostar é o público. Não posso ficar achando graça em mim. Tenho um pouco de medo disso, de ficar rindo sozinho de uma piada particular."

TALENTO CÔMICO
O ator acumula alguns papéis dramáticos importantes no cinema, como em "Um Copo de Cólera" ou "O Invasor", mas é justo na comédia que ele parece se encontrar.
"O humor é a coisa mais notável para mim. Tenho na memória afetiva os filmes de Jerry Lewis, Jacques Tati, Oscarito e, é claro, Renato Aragão", afirma o ator, que assistia a esses filmes em pequenos cinemas de Santos, onde morava com a mãe, ou na "Sessão da Tarde".
Nessa época, início dos anos 1980, ao contrário do figurino afetado de Jacques Leclair, Borges desfilava por aí de jaqueta de couro, camiseta, jeans e botas, numa verdadeira versão paulista de James Dean ou Marlon Brando.
"Usava roupa para mostrar uma atitude com um certo radicalismo, meio pós-punk, um lance londrino", conta Borges, que recentemente tem ouvido bastante uma banda desse gênero, o Joy Division.

63 DEGRAUS
Aos 44, Alexandre Borges tem um trunfo: mora há 17 anos no terceiro andar de um predinho charmoso em Ipanema. Charmoso, antigo e sem elevador.
São 63 degraus toda vez que ele esquece os óculos escuros, mas seus 77 kg em 1,82 m mostram que o esforço vale a pena. Assim como as medidas da outra moradora, a atriz Julia Lemmertz, casada com ele desde 1993. "O único porém da escadaria é que a caixinha para os entregadores tem de ser maior."

FAMÍLIA
O terceiro morador desse apartamento com muitas revistas espalhadas nos sofás de couro claro é o filho do casal, Miguel, 10. Ele é que ocupa a cabeça do pai quando o ator não está trabalhando.
"A criação do meu filho é o que mais me envolve atualmente. Aprendo cada vez mais com ele. Tenho horários complicados, muitas vezes trabalho nos finais de semana, mas sempre procuro tempo para jogar futebol com ele na praia ou no clube."
Pouco familiarizado com o mundo da moda, Borges se interessou e foi à pesquisa. Arrumou um livro aqui, pegou emprestada a autobiografia de Denner Pamplona de Abreu ali e, "voilà", nasce um costureiro. É assim, pelo menos nas comédias.


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