|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRÍTICA DRAMA
Stevens filma a paixão segundo Hollywood
"Um Lugar ao Sol" (1951) traz alquimia perfeita do casal interpretado por Elizabeth Taylor e Montgomery Clift
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
"Uma Tragédia Americana", o livro do escritor Theodore Dreiser que inspirou
"Um Lugar ao Sol" (1951), de
George Stevens, é um daqueles romances em que uma
desditada história de amor se
entrelaça com um poderoso
painel social.
Eis uma sinopse possível:
rapaz pobre do interior, que
vai à cidade grande para trabalhar na fábrica de um parente rico, envolve-se ao
mesmo tempo com uma colega de trabalho e com a filha
do patrão. Alpinismo social,
amor e culpa se juntam para
criar um beco sem saída.
A história foi oferecida pela Paramount ao diretor Serguei Eisenstein, que fez dela
um roteiro essencialmente
político e social. Não era essa
a intenção do estúdio, que
passou o projeto para Josef
Von Sternberg.
O diretor vienense fez então "Uma Tragédia Americana" (1931), enfatizando o lado romântico da história.
Vinte anos depois, George
Stevens fez o mesmo, contando com um par de atores
no auge da beleza: Montgomery Clift e Elizabeth Taylor.
Melhor seria dizer: um par
de rostos. Porque em raros
filmes ficou tão evidente que
a alquimia do amor, no cinema clássico americano, consiste em contrapor dois rostos em close, sob certa iluminação e certa música.
A história, por melhor que
seja, é secundária diante daqueles olhos e bocas que irradiam a quintessência da paixão segundo Hollywood.
Contraposta ao par central, a ótima Shelley Winters,
como a colega operária do
protagonista, é o patinho feio
destinado a nos lembrar das
miudezas da vida cotidiana.
Perfeccionista e perdulário, Stevens filmava as cenas
de diversos ângulos e depois
escolhia as melhores tomadas. Levou dois anos montando "Um Lugar ao Sol". O
resultado é o grande filme romântico dos anos 50.
UM LUGAR AO SOL
DISTRIBUIDORA Paramount
QUANTO R$ 29,90, em média
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO ótimo
JOSÉ SIMÃO
O colunista é publicado no
caderno Copa 2010
Texto Anterior: Novelas da semana Próximo Texto: Ferreira Gullar: Rio, campo minado Índice
|