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Crítica
Macbeth de Welles é simples e memorável
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Consta que Orson Welles devia apresentar seu "Macbeth"
(Telecine Cult, 20h05) no mesmo Festival de Veneza de 1948
em que Lawrence Olivier concorreu com a sua versão. Prudente, Orson tirou o filme da
competição.
Teria perdido. Olivier era a
imagem shakespeariana oficial; Orson, a "fake". É o que ele
sempre representou. Desde a
adolescência, quando se fazia
passar, na Inglaterra, por um
grande ator shakespeariano
dos EUA.
Sua produção era, no mais,
modesta, da Republic. Mas,
pensando bem, é ele o mais
memorável Macbeth, com seu
furor e sua grandeza o predispondo a uma maior desgraça,
como que habitando a um só
tempo céu e inferno -como
observou André Bazin no livro
dedicado a Welles (lançado
aqui no Brasil pela editora Jorge Zahar).
Foi uma produção difícil, rápida, em que o fator espartano
acabou se convertendo em virtude: como num bom série B.
Ou como numa bela produção
Republic.
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