São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2011

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Reginaldo Faria volta à direção após 27 anos

Cineasta apresenta hoje no Festival de Gramado seu longa mais recente

"O Carteiro" compete como melhor filme e Faria, premiado em edições anteriores, como melhor diretor

BRUNO GHETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O Festival de Gramado costuma trazer alegrias a Reginaldo Faria, 74. Por três vezes, ele saiu da competição premiado: duas como melhor ator (em 1978 e 1987) e outra pelo conjunto da obra (2009).
O ator/cineasta tenta neste ano dois troféus inéditos: o de melhor diretor e o de melhor filme pelo longa "O Carteiro", que será apresentado hoje na mostra competitiva.
O filme marca a volta de Faria ao lado de trás das câmeras após um hiato de 27 anos -seu último longa foi "Aguenta, Coração" (1984). "Se demorei a voltar a dirigir não foi por falta de vontade. O processo de captação de recursos é muito demorado. O meu negócio não é ficar pedindo dinheiro aos outros, é fazer cinema!", diz Faria.
Hoje não são muitos os que lembram que o ator de várias novelas de sucesso na TV teve uma carreira sólida como cineasta nos anos 70. Seu longa de estreia, a inventiva comédia "Os Paqueras" (1969), foi influente como poucos -seu estilo de humor erótico inspirou muitos diretores, que criariam um novo gênero: a pornochanchada. Mas, segundo o cineasta, houve uma deturpação.
"Esses diretores queriam sucesso, ganhar dinheiro em cima do tipo de filme que fiz. Mas partiram para outro lado, o da sacanagem. Quero que quem diz que eu sou o 'pai da pornochanchada' vá para a p... que pariu! Esses diretores não entenderam nada do meu filme. Nem tirar a roupa na hora do sexo meus personagens tiravam...", esbraveja, com certa razão.
Seguindo uma trajetória a meio caminho entre o comercial e o autoral, Faria começou fazendo comédias leves e debochadas. "Acho que minha marca pessoal é o tipo de humor, a ironia", diz o diretor, que mudaria de tom em "Barra Pesada" (1977), considerado por ele como o seu melhor filme. Com a obra, Faria fez as pazes com uma parcela da intelectualidade que refutava suas comédias.
"Na época, havia uma patrulha ideológica. Os formadores de opinião não aceitavam um cinema que não era político. Os que só faziam filmes intelectuais afundaram. Não ganharam dinheiro nem transmitiram a mensagem que queriam, porque ninguém ia ver seus filmes." Em sua volta à direção, Faria parece ter optado por uma nova linha, que ele define como "mais intimista" e "romântica".
"O Carteiro" se passa na região gaúcha de Vale Vêneto e mostra um entregador de cartas que viola as correspondências entre sua amada e seu namorado.
Coproduzido pela empresa gaúcha TGD Filmes, o filme custou "R$ 1 milhão e pouco", segundo o diretor.
Dois dos filhos do cineasta, Carlos André e Marcelo Faria, estão no elenco, além do próprio Reginaldo, que faz uma ponta. "Trabalhar em família é algo que vem de longa data. Virou tradição."


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