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11.9, ANO 2
"A natureza ajudou", diz Sônia
Chris von Ameln/Folha Imagem
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A atriz Sônia Braga, que fala pela primeira vez sobre seu 11.9 |
Às 8h46 da manhã do dia 11
de setembro de 2001, Sônia
Braga estava dormindo. Foi
acordada pelo barulho de
um avião passando estranhamente perto de seu apartamento, que ficava a poucos
metros das torres gêmeas do
World Trade Center.
A atriz brasileira de 52
anos, radicada em Nova
York, levantou-se calmamente, vestiu-se, desceu as
escadas e começou a ajudar
seus vizinhos a deixarem o
prédio. Não parou mais pelos próximos seis dias. Depois de relutar por dois anos
("Não queria usar um acontecimento assim para aparecer"), ela conta sua história:
Folha - Por que você nunca falou sobre 11.9?
Sônia Braga - Porque eu moro ali ao lado, vi tudo ao vivo,
era um acontecimento muito
íntimo para mim.
Folha - Qual foi sua primeira
reação naquele dia?
Sônia - Muita calma. Nunca
pensei que as pessoas pudessem ser tão organizadas em
momento de guerra como esse. No meu prédio tem muita
criança, animais. Todos saímos organizadamente. O curioso é que antes disso eu morava num edifício vizinho que
pegou fogo justamente no
meu andar. E eu sou daquele
tipo de pessoa que lê todas as
instruções de brigada antiincêndio, pois acho que o ser humano sempre está correndo
um certo perigo, né?
Folha - Não é um certo catastrofismo de sua parte?
Sônia - Pelo contrário! Sou
otimista. Mesmo em relação
àquele dia. Tem algo que ninguém falou: existe um vento
que estava indo de Nova Jersey
para o lado leste e do norte para o sul. Pode reparar como
nas fotos e imagens a fumaça
dos prédios está sempre sendo
empurrada para fora da ilha.
Se a direção fosse outra, milhares de pessoas mais teriam
morrido naquela manhã. Alguns homens atacaram outros
homens em lugares construídos pelos homens, mas a natureza deu um jeitinho de evitar
desgraça maior... Irônico, não?
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