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São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2003

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Artigas em 3 dimensões


Mostra paralela à Bienal de Arquitetura enfoca três fases da obra do paranaense, que projetou a FAU e o estádio do Morumbi


FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Qual é o arquiteto mais influente em São Paulo? Difícil não pensar em Oscar Niemeyer, pela grandeza de construções como o Copan e o conjunto do parque Ibirapuera, entre outros. No entanto, há mais um arquiteto, cuja presença não é menos discreta, que consegue ainda influenciar diversas gerações que seguiram suas propostas, ao contrário do próprio Niemeyer, cuja força do traço não produziu pupilos com a mesma visibilidade.
João Batista Vilanova Artigas (1915-1985), arquiteto paranaense que projetou o estádio do Morumbi e a sede da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, entre outros, disputa importância com o próprio Niemeyer, pois além dos edifícios já citados, influenciou toda uma geração de arquitetos modernistas que possui hoje um conjunto de obras até maior que o do próprio mestre.
Paulo Mendes da Rocha, Ruy Ohtake, Joaquim Guedes e Paulo Bastos estão entre os 32 arquitetos considerados "seguidores" de Vilanova Artigas que participam de mostra dedicada ao arquiteto, que será aberta amanhã, no Instituto Tomie Ohtake (ITO). A exposição funciona como evento paralelo à 5ª Bienal Internacional de Arquitetura e Design (BIA), com abertura no próximo domingo, no parque Ibirapuera.
"O Artigas teve uma importância fundamental para a arquitetura brasileira e, quase 20 anos depois de sua morte, ele é bastante esquecido. Por outro lado, grande parte da produção atual tem origem nele e por isso o homenageamos com essa mostra paralela à BIA", afirma Ricardo Ohtake, diretor do Instituto Tomie Ohtake, um dos curadores da própria BIA e ex-aluno de Artigas.
A exposição ocupa quatro espaços do ITO, que dividem a obra de Artigas em três fases, por meio de plantas originais, maquetes e fotografias inéditas de Nelson Kon e Cristiano Mascaro.
A primeira fase, de 1936 a 1944, apresenta o que Ohtake chama de "os anos da procura". São basicamente projetos de casas, nos quais o arquiteto explicita suas influências, dos alemães Walter Gropious e Mies van der Rohe ao norte-americano Frank Lloyd Wright. É a fase do princípio da arquitetura modernista, que, na cidade de São Paulo, já havia sido iniciada pelo ucraniano Gregori I. Warchavchik, no final da década de 20.
A segunda fase, de 1944 a 1953, marca o período da "definição". "Nesses anos, Artigas desenvolve vários projetos já com a idéia de interligação dos espaços, isto é, da mistura entre espaços públicos e privados, o que é defendido hoje em dia por arquitetos como o francês Christian de Portzamparc", conta Ohtake.
Finalmente, o terceiro estágio, que percorre de 1958 a 1985, significa a fase mais representativa de Artigas, com os grandes projetos como o estádio do Morumbi e seu vestiário, em 1961, e a sede da FAU, no mesmo ano. Segundo Ohtake, a FAU é "seu projeto mais significativo, pois ele era o mentor do projeto pedagógico da faculdade e criou todos os espaços a partir de seus conceitos, o que é uma situação ideal". Nessa fase estão as sete maquetes preparadas especialmente para a mostra. Há ainda uma sala com projetos dos 32 "filhos" de Artigas.
O arquiteto ganha também um documentário, com direção de Cacá Vicalvi, que será exibido no ITO, durante a mostra, e também na TV, na Rede SescSenac de Televisão (STV). A produção será exibida amanhã, às 21 horas.
Além do filme, a programação conta com cursos, visitas às obras, palestras e mesas de debate e o lançamento de livro e DVD sobre o arquiteto. Com tudo isso, se Artigas andava esquecido, seu trabalho ganha rara homenagem no cenário da arquitetura paulista.

VILANOVA ARTIGAS. Mostra com 30 projetos do arquiteto, incluindo sete novas maquetes. Curadoria: Julio Katinsky. Quando: abertura, amanhã, 20h; de ter. a dom., das 11h às 20h. Onde: Instituto Tomie Ohtake (av. Faria Lima, 201, entrada pela r. Coropés, SP, tel. 0/ xx/11/6844-1900). Quanto: entrada franca.


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