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São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2003

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DANÇA

Com música de Villa-Lobos, a companhia estréia parceria com os coreógrafos Denise Namura e Michael Bugdahn

Do sonho à realidade, Cisne Negro perpassa o onírico

KATIA CALSAVARA
DA REDAÇÃO

O que seria da dança sem o teatro? Possivelmente, corpos incapazes de contar histórias. É justamente o processo de integração dessas artes que permeia as criações da brasileira Denise Namura, 46, e do alemão Michael Bugdahn, 41, que em 1986 fundaram a companhia francesa À Fleur de Peau (À Flor da Pele).
"Talvez Sonhar", o novo trabalho da dupla, que também estréia na parceria com a Cisne Negro Cia. de Dança, perpassa o universo onírico em seus mais variados momentos. A obra será apresentada a partir de amanhã, no teatro Sesc Anchieta, em São Paulo.
Dos devaneios do sonho dormido ao do desejo de posse, vestidos com seus pijamas estilosos e nada fantasiosos, os bailarinos iniciam a coreografia "caindo no sono".
A partir de um suposto estado de vigília, embrenham-se na caracterização de personagens, de onde surgem tipos reclamões, obcecados, medrosos, seguros.
Cada movimento de "Talvez Sonhar" é preenchido por um jogo teatral. "Nosso grande desafio é sugerir que as companhias trabalhem uma nova linguagem. Não se trata apenas de dança-teatro, em que em dado momento são usadas cenas isoladas de um e de outro. Partimos do desenvolvimento de um tema", diz Namura.
Os surreais caminhos da coreografia são permeados pela melodia encantadora do músico brasileiro Heitor Villa-Lobos (1887-1959). A cargo de Bugdahn, a trilha também contém trechos de poemas e de músicas de Ney Matogrosso e Milton Nascimento. "Talvez essa seja a nossa obra mais brasileira", comenta Bugdahn, que fez a sobreposição das músicas por computador.
Os figurinos, de Fabio Namatame, alternam as cores da bandeira brasileira sem que se faça a já típica aquarela berrante em cena.
Em 2001, Namura e Bugdahn montaram "Como Se Não Coubesse no Peito" para o segundo elenco do Balé da Cidade de São Paulo, espetáculo sobre o amor.
No mesmo programa da noite de hoje, a companhia dança "Cherché, Trouvé, Perdu" (Procurado, Encontrado, Perdido), coreografia criada no ano passado pelo francês Patrick Delcroix, em que quatro casais se movimentam dentro de quadrados de luz projetados em cena.
Com duas obras completamente díspares, a primeira mais livre à interpretação e a outra que exige técnica apurada, os bailarinos do Cisne querem mostrar que podem ser bem mais do que meros corpos dançantes.


CISNE NEGRO. Onde: teatro Sesc Anchieta (r. Dr. Vila Nova, 245, SP, tel. 0/ xx/ 11/3234-3009). Quando: amanhã e sábado, às 21h; domingo, às 19h. Quanto: de R$ 10 a R$ 20.


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