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DANÇA
Com música de Villa-Lobos, a companhia estréia parceria com os coreógrafos Denise Namura e Michael Bugdahn
Do sonho à realidade, Cisne Negro perpassa o onírico
KATIA CALSAVARA
DA REDAÇÃO
O que seria da dança sem o teatro? Possivelmente, corpos incapazes de contar histórias. É justamente o processo de integração
dessas artes que permeia as criações da brasileira Denise Namura,
46, e do alemão Michael Bugdahn,
41, que em 1986 fundaram a companhia francesa À Fleur de Peau
(À Flor da Pele).
"Talvez Sonhar", o novo trabalho da dupla, que também estréia
na parceria com a Cisne Negro
Cia. de Dança, perpassa o universo onírico em seus mais variados
momentos. A obra será apresentada a partir de amanhã, no teatro
Sesc Anchieta, em São Paulo.
Dos devaneios do sonho dormido ao do desejo de posse, vestidos
com seus pijamas estilosos e nada
fantasiosos, os bailarinos iniciam
a coreografia "caindo no sono".
A partir de um suposto estado
de vigília, embrenham-se na caracterização de personagens, de
onde surgem tipos reclamões, obcecados, medrosos, seguros.
Cada movimento de "Talvez Sonhar" é preenchido por um jogo
teatral. "Nosso grande desafio é
sugerir que as companhias trabalhem uma nova linguagem. Não
se trata apenas de dança-teatro,
em que em dado momento são
usadas cenas isoladas de um e de
outro. Partimos do desenvolvimento de um tema", diz Namura.
Os surreais caminhos da coreografia são permeados pela melodia encantadora do músico brasileiro Heitor Villa-Lobos (1887-1959). A cargo de Bugdahn, a trilha também contém trechos de
poemas e de músicas de Ney Matogrosso e Milton Nascimento.
"Talvez essa seja a nossa obra
mais brasileira", comenta Bugdahn, que fez a sobreposição das
músicas por computador.
Os figurinos, de Fabio Namatame, alternam as cores da bandeira
brasileira sem que se faça a já típica aquarela berrante em cena.
Em 2001, Namura e Bugdahn
montaram "Como Se Não Coubesse no Peito" para o segundo
elenco do Balé da Cidade de São
Paulo, espetáculo sobre o amor.
No mesmo programa da noite
de hoje, a companhia dança
"Cherché, Trouvé, Perdu" (Procurado, Encontrado, Perdido),
coreografia criada no ano passado pelo francês Patrick Delcroix,
em que quatro casais se movimentam dentro de quadrados de
luz projetados em cena.
Com duas obras completamente díspares, a primeira mais livre à
interpretação e a outra que exige
técnica apurada, os bailarinos do
Cisne querem mostrar que podem ser bem mais do que meros
corpos dançantes.
CISNE NEGRO. Onde: teatro Sesc
Anchieta (r. Dr. Vila Nova, 245, SP, tel. 0/
xx/ 11/3234-3009). Quando: amanhã e
sábado, às 21h; domingo, às 19h.
Quanto: de R$ 10 a R$ 20.
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