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São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2003

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GASTRONOMIA

Paladares e amores embalam livro de ex-crítica do "NYT"

SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO

Quando 26 convidados de uma festa de noivado pararam no hospital por um descuido de sua desastrada mãe, a norte-americana Ruth Reichl se deu conta de algo: precisava assumir o comando da cozinha de sua casa.
A força da situação obrigou Reichl, hoje com 55 anos, a apurar suas habilidades gastronômicas e, consequentemente, deu subsídios para que construísse uma respeitável carreira ao longo de duas décadas como crítica dos jornais "Los Angeles Times" e "The New York Times".
Parte dessa vivência em cozinhas de variados estilos -e qualidades- foi registrada no livro "Conforte-me com Maçãs", o segundo capítulo de suas memórias, que sucede "Tender at the Bone" (não lançado no Brasil).
Em "Conforte-me...", a ação se inicia em 1978, quando a atual editora da revista "Gourmet" morava na cidade de Berkeley, em uma comunidade hippie (onde, sim, a patrulha ideológica agia na hora das refeições).
Intercalando-se a relatos de sabores memoráveis provados na China, Tailândia e França, estão detalhes de amores ora frustrados ora exitosos. "Segredos são só perigosos quando permanecem como segredos", afirma Reichl, por telefone, sobre ter exposto sua intimidade.
Mas a relevância de suas memórias reside na descrição de jantares, como o vivido no lendário Tour d'Argent, em Paris, onde ovos mexidos com trufas têm gosto de "almíscar e luz" e são "como morder um pedaço do sol".
"Provavelmente a maioria dos leitores das minhas resenhas nunca tiveram ou terão a chance de ir aos restaurantes visitados. A minha idéia, mais do que julgar um prato, sempre foi a de passar o que foi a experiência de ter estado naquele determinado local", diz.
Reichl ainda recusa o conceito de que "o requisito essencial para escrever bem a respeito de gastronomia é ter bom apetite", expresso pelo correspondente de guerra A.J. Liebling (1904-63) no início de "Conforte-me...". "Estar exposto a uma gama de paladares é o fundamental. E ter a percepção dos sabores, que leva tempo para ser adquirida. Só com a vivência."


CONFORTE-ME COM MAÇÃS. De: Ruth Reichl. Tradução: Ana Deiró. Editora: Objetiva. Quanto: R$ 45 (352 págs.).


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