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CINEMA
"Beije quem Você Quiser" é um dos inéditos do 2º Festival do Cinema Francês
Francês testa personagens dramáticos em comédia
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
Fazer rir com personagens que
poderiam estar num drama é o
objetivo do diretor Michel Blanc
com o longa "Beije quem Você
Quiser", que terá sua primeira
exibição em São Paulo no próximo sábado (e em outras 11 cidades brasileiras, neste mês e em outubro), dentro da programação
do 2º Festival do Cinema Francês.
Na França, aproximadamente 2
milhões de espectadores conferiram nos cinemas a proposta de
Blanc, dando ao filme uma das
melhores performances de bilheteria deste ano no país.
"Beije quem Você Quiser"
acompanha os conflitos de cinco
casais. Uma temporada de férias
na praia é o ponto de partida para
que as histórias de ciúmes, traições, acertos e desacertos (não
apenas amorosos) se entrelacem.
Embora todos os personagens
tenham destaque quase equivalente na trama, Blanc atribui a Elisabeth (Charlotte Rampling) o
status de papel principal, "porque
é a evolução de seu personagem a
que mais acompanhamos".
Casada com Bertrand (Jacques
Dutronc), que inventa uma desculpa para permanecer em casa e
não acompanhar a mulher na viagem de férias, Elisabeth fará uma
revisão de sua vida durante a qual
abrirá espaço inclusive para um
(delicado) envolvimento com um
adolescente, outro integrante da
trupe em férias. Em casa, Bertrand também tem seu amante.
A estrutura "da comédia clássica, cheia de quiprocós e de desencontros, em que todos dormem
com todos" era o que Blanc queria
testar num filme cujos personagens "são de certa forma infelizes,
sofrem".
O diretor diz que por trás dessa
mistura está sua ambição de permanecer no terreno de que mais
gosta -a comédia-, sem abrir
mão de "falar de relações humanas, da dificuldade que cada um
tem de descobrir a si mesmo".
Ator experiente antes de ser diretor, Blanc reservou para si um
papel no filme -o do ciumentíssimo Jean Pierre, advogado que
enxerga em cada passo de sua bela mulher (Carole Bouquet) um
indício de traição. O roteiro de
"Beije quem Você Quiser" é também assinado pelo ator e diretor.
São tantos os problemas que
cônjuges e assemelhados provocam para seus pares na trama que
o espectador poderia ver no subtexto do filme uma defesa da tese
de que "o inferno são os outros".
Equívoco, diz Blanc. "O inferno
somos nós mesmos, os outros são
apenas um pretexto".
O ator, diretor e roteirista diz
que desdobrar-se em várias funções "não é novidade" para quem
começou a vida profissional nos
cafés-teatro parisienses, notórios
por abrigar apresentações de artistas que "escrevem, atuam e dirigem" os próprios espetáculos.
Dirigir a si mesmo, porém, não
deixa de ser a escolha de meter-se
num inferno particular. "Eu me
sinto desconfortável. Tenho a impressão de me limitar, de não correr tantos riscos quanto correria
se fosse conduzido por outro diretor", afirma.
O 2º Festival do Cinema Francês
apresentará outros cinco filmes
inéditos no Brasil.
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