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Documentário retrata a impostora do 11/9
Filme traz mulher que fingiu ser sobrevivente do ataque ao World Trade Center
Com pseudônimo Tania, ela se tornou a mais célebre sobrevivente dos atentados e até teve encontros com importantes políticos locais
ANDREA MURTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Tania Head se tornou nos
primeiros anos após o 11 de Setembro a mais célebre sobrevivente do ataque às Torres Gêmeas. Sua história de superação e perda -enquanto ela fugia, ferida, do 78º andar da torre sul, o noivo, David, morria na
torre norte- chegou a milhares
de pessoas no mundo todo.
Em pouco tempo, ela se tornou presidente da associação
de sobreviventes. Chegou a ser
recebida por políticos de primeira grandeza dos EUA. Só
em 2006 a verdade veio à tona.
Tania Head nunca existiu.
A mulher loira, baixinha e
gordinha que causou tanta
compaixão e admiração no país
se chama, na verdade, Alicia Esteves Head. É espanhola e nem
sequer estava em Nova York
quando o World Trade Center
foi destruído. A família do suposto noivo jamais ouvira falar
dela. Os e-mails semanais que
enviava a outros sobreviventes
narrando a luta para livrar-se
do trauma eram fantasia.
A saga de uma das mentiras
mais bem contadas da última
década será exibida hoje às 21h
pelo canal pago GNT, na estreia
do documentário "A Impostora
do 11/9". Uma mistura de imagens de arquivo, entrevistas e
depoimentos de sobreviventes
(verdadeiros), o filme trabalha
bem com elementos de tensão
e emoção, e não só pela sensibilidade do tema ou pelos contos
reais de heroísmo.
Repúdio e gratidão
Gerry Bogacz, cofundador da
Rede de Sobreviventes, foi uma
das pessoas tocadas por Tania.
Ele trabalhava no 82º andar da
torre norte e diz no documentário ter compartilhado vários
desabafos com a impostora.
Bogacz conta ter percebido,
ao longo do tempo, discrepâncias em seus relatos. Algumas
vezes, ela dizia que era noiva;
outras, casada. Ao descobrir
que o bombeiro voluntário Welles Crowther, que morreu nos
ataques, salvou diversas pessoas, Tania incorporou a presença dele em sua história.
Ainda assim, Bogacz -como
outros- só mudou de posição
quando o "New York Times" finalmente publicou uma reportagem questionando a veracidade da experiência dela, em
setembro de 2006.
Mesmo depois de saber a verdade, muitos mantiveram dose
de gratidão, como a sobrevivente Carrie Sullivan. "Ela fez
muitas coisas boas por nós. É é
difícil descartar tudo isso", diz.
Tania colaborou de verdade.
Não só doou dinheiro como
transformou o grupo de sobreviventes em uma organização
oficial. Obteve financiamento
do governo. Conseguiu permissão para a primeira visita de sobreviventes ao marco zero, em
2003. Foi guia voluntária do local -os primeiros a ouvi-la foram o prefeito Michael Bloomberg e o ex-prefeito Rudolph
Giuliani, durante inauguração
do memorial pelas vítimas.
Alicia deixou os holofotes
sem nunca se explicar. Como
jamais lucrou financeiramente,
seu comportamento nos EUA
não foi criminoso. Acredita-se
que ela tenha deixado o país.
Algum tempo depois, segundo
o documentário, os sobreviventes reais receberam um e-mail
que dizia que ela havia cometido suicídio. Mas, a esta altura,
ninguém sabe mais no que
acreditar.
A IMPOSTORA DO 11/9
Direção: James Cruemel
Quando: hoje, às 21h, no GNT
Classificação: livre
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