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Cubana celebra 60 anos de carreira
Cantora Omara Portuondo, 78, reúne Chico Buarque, Jorge Drexler e neta de dez anos no disco "Gracias"
AUDREY FURLANETO
DA SUCURSAL DO RIO
Omara Portuondo estica o
braço para mostrar a pulseirinha do Senhor do Bonfim. Não
sabe desde quando está lá, "um
ano talvez", mas diz que os nós
não se desfizeram nem o tecido
arrebentou -não importa, ela
não fez nenhum pedido. "Não
fiz, porque já tenho todos os desejos comigo", diz.
Entre eles, Omara lista o de
lançar o disco "Gracias", que sai
no Brasil pela Biscoito Fino. E,
se da última vez em que esteve
no país andou acompanhada da
mulher "de temperamento forte" Maria Bethânia (as duas
lançaram CD juntas em 2008),
ela tem ao lado desta vez a única neta, Rossio Jiménez, 10.
A menina é uma das estrelas
de "Gracias". Ela canta com a
avó "Cachita" e faz Omara se
lembrar da própria infância.
"Sempre cantei. Igual a todas as
crianças. Você cantou quando
criança? Eu cantei", lembra.
"Meus pais me ensinaram a
cantar canções cubanas, antigas, canções simbólicas da liberdade e "Veinte Años". É a
canção que me ensinaram
meus pais", diz e emenda, com
vozeirão, os versos iniciais do
bolero que ela gravou com o
Buena Vista Social Club.
Trabalho coletivo
No novo disco, cantam também Chico Buarque, em "O que
Será (à Flor da Terra)", o cubano Pablo Milanés, em "Ámame
Como Soy", e o uruguaio Jorge
Drexler, em "Gracias", escrita
por ele para a cubana.
"Gracias" virou título do disco porque, diz Omara, embora
ainda não tenha se acabado nada, ela adianta o fim e agradece.
"[O disco] é um trabalho coletivo e, além disso, com 60 anos de
trabalho, tem que se agradecer
pelo menos", afirma.
E completa: "Antes que eu
me vá e não diga nada".
Ter perdido nos últimos anos
amigos e parceiros, como os
músicos Ibrahim Ferrer (1907-2005) e Compay Segundo
(1907-2003), do Buena Vista,
não faz com que ela se sinta
perto da morte.
"Eu penso que não estou velha", afirma. "E eles [os amigos]
se perdem fisicamente, mas,
como toda a vida estivemos
juntos, estão dentro [aponta
para o coração]."
Sobre a ilha em que vive, ela
fala pouco.
"Cuba? Está no mesmo lugar.
No Caribe, rodeada de água por
todas as partes, com as mesmas
possibilidades. Temos problemas econômicos, precisamos
de produtos farmacêuticos,
mas estamos aqui. Veja só", diz.
GRACIAS
Artista: Omara Portuondo
Lançamento: Biscoito Fino
Quanto: R$ 35, em média
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