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BIOY CASARES
Escritor gostaria de ver livro seu na TV
de Buenos Aires
Leia a seguir a continuação da
entrevista com o escritor argentino
Bioy Casares, que está preparando
um livro sobre suas conversas com
o também escritor argentino Jorge
Luis Borges.
(AUGUSTO GAZIR)
Folha - Como um escritor que
narra inventos fantásticos analisa
os atuais avanços tecnológicos?
Bioy Casares - O mundo segue
cruel, mas essas coisas são como
remédio caseiro. Não muito bons,
mas aliviam. A TV, por exemplo, é
um bom entretenimento.
Folha - O que o sr. gosta na TV?
Casares - Gosto de uma boa novela. Um bom livro adaptado para
a TV é algo agradável. Adoraria ter
um livro meu adaptado para a TV.
Folha - Prefere cinema ou TV?
Casares - Gosto dos dois. Disse
uma vez que gostaria de morrer
numa sala de cinema, vendo um
filme. Luis Buñuel é um dos meus
cineastas favoritos. Dos contemporâneos, gosto de Arturo Ripstein, Pedro Almodóvar. Adoro
Woody Allen. O último que vi dele,
"Desconstruindo Harry", é uma
maravilha, um ensaio feliz.
Folha - Que impressões têm do
Brasil?
Casares - Gosto muito das cidades que conheço. Brasília é um esforço importantíssimo. Dá vontade de colaborar, ajudar na formação da cidade. É uma aventura que
necessita coragem. Meu escritor
brasileiro preferido é Jorge Amado. Disseram-me que está doente,
e isso me deixou muito triste.
Folha - O único escritor de língua
portuguesa citado em suas memórias é Eça de Queiroz. Por quê?
Casares - Adoro. Dá vontade de
escrever quando o leio. "A Cidade
e as Serras" é uma maravilha.
Folha - O que é mais difícil no
processo de criação de um livro?
Casares - Começar a escrever o livro é o mais difícil de tudo. A primeira página é sempre sofrida.
Passar de um parágrafo a outro de
modo natural, deixando fluir, é
muito difícil. Quando aprendo a
escrever o livro, não preciso de demasiado esforço para seguir.
Folha - O sr. defende a literatura
acessível. Suas obras são acessíveis?
Casares - Em "O Sonho dos Heróis", tentei ser mais claro, estabelecer uma amizade com o leitor. A
busca do acessível está marcada na
evolução de minha obra, mas não
posso ler um livro meu com tranquilidade. Sempre acho defeitos.
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