São Paulo, sexta, 11 de setembro de 1998

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BIOY CASARES
Escritor gostaria de ver livro seu na TV

de Buenos Aires

Leia a seguir a continuação da entrevista com o escritor argentino Bioy Casares, que está preparando um livro sobre suas conversas com o também escritor argentino Jorge Luis Borges. (AUGUSTO GAZIR)

Folha - Como um escritor que narra inventos fantásticos analisa os atuais avanços tecnológicos?
Bioy Casares -
O mundo segue cruel, mas essas coisas são como remédio caseiro. Não muito bons, mas aliviam. A TV, por exemplo, é um bom entretenimento.
Folha - O que o sr. gosta na TV?
Casares -
Gosto de uma boa novela. Um bom livro adaptado para a TV é algo agradável. Adoraria ter um livro meu adaptado para a TV.
Folha - Prefere cinema ou TV?
Casares -
Gosto dos dois. Disse uma vez que gostaria de morrer numa sala de cinema, vendo um filme. Luis Buñuel é um dos meus cineastas favoritos. Dos contemporâneos, gosto de Arturo Ripstein, Pedro Almodóvar. Adoro Woody Allen. O último que vi dele, "Desconstruindo Harry", é uma maravilha, um ensaio feliz.
Folha - Que impressões têm do Brasil?
Casares -
Gosto muito das cidades que conheço. Brasília é um esforço importantíssimo. Dá vontade de colaborar, ajudar na formação da cidade. É uma aventura que necessita coragem. Meu escritor brasileiro preferido é Jorge Amado. Disseram-me que está doente, e isso me deixou muito triste.
Folha - O único escritor de língua portuguesa citado em suas memórias é Eça de Queiroz. Por quê?
Casares -
Adoro. Dá vontade de escrever quando o leio. "A Cidade e as Serras" é uma maravilha.
Folha - O que é mais difícil no processo de criação de um livro?
Casares -
Começar a escrever o livro é o mais difícil de tudo. A primeira página é sempre sofrida. Passar de um parágrafo a outro de modo natural, deixando fluir, é muito difícil. Quando aprendo a escrever o livro, não preciso de demasiado esforço para seguir.
Folha - O sr. defende a literatura acessível. Suas obras são acessíveis?
Casares -
Em "O Sonho dos Heróis", tentei ser mais claro, estabelecer uma amizade com o leitor. A busca do acessível está marcada na evolução de minha obra, mas não posso ler um livro meu com tranquilidade. Sempre acho defeitos.



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