São Paulo, sexta, 11 de setembro de 1998

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De Niro salvou Tom Sizemore

NICK HASTED
do "The Independent"

Robert De Niro estava sentado perto de Tom Sizemore, falando com urgência. O trabalho deles em "Heat" havia acabado de terminar. "Você irá morrer", De Niro falou para Sizemore. E Sizemore pensava que estava se dando tão bem...
Nos anos anteriores, ele havia se tornado o psicopata favorito de Hollywood. Em 96, ele fez uma maratona de atuações elogiadas: "O Diabo Veste Azul" de Carl Franklin, "Strange Days", de Kathryn Bigelow, e "Heat", de Michael Mann, em que era um membro da gangue de De Niro. Quando criança, Sizemore viu a nobreza de De Niro em "O Franco-Atirador" e queria ser aquele homem.
Agora, De Niro estava ao lado dele, dizendo que o uso de heroína estava matando-o. Os dois estavam no avião particular de De Niro, e o astro estava levando-o para a salvação. Ele ficaria com Sizemore até que ele ficasse bem.
Três anos depois, Sizemore, 34, é um símbolo de saúde, livre da droga e usando um crucifixo para demonstrar sua fé. Desde a intervenção de De Niro, ele passou do seu primeiro papel principal, no filme de horror "The Relic", ao elogiado papel do sargento Horvath em "O Resgate do Soldado Ryan".
"Sou de Detroit, vim de um tipo de vizinhança violenta", lembra o ator. "Era uma anomalia, porque meu pai era um homem de Harvard que vinha de uma família pobre. Dois dos irmãos dele eram traficantes de heroína; um irmão da minha mãe era cafetão. Embora meu pai e minha mão fossem completamente limpos, todo essa falta de regras estava ao meu redor."
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"Merda Dois" Como parte dos preparos para o seu épico sobre o Dia D, Spielberg mandou Sizemore e outros atores do pelotão - incluindo Tom Hanks- para um campo de treinamento, sob comando de um fuzileiro veterano chamado Dale Dye. "Eu fiquei apavorado lá", ele se lembra.
"Eles tentam tirar partes da sua personalidade, trazer à tona sua natureza agressiva, transformar você numa máquina assassina.
Eu tive duas discussões com o Capitão Dye. Ele chamava Tom (Hanks) de "Merda Número Um' e me chamava de "Merda Número Dois'. Os demais eram apenas merdas.
Chegou num ponto que eu disse: "Não me chame mais de merda. Eu não gosto. Eu não sou merda. Estou fazendo meu trabalho aqui e não faço mais isso'. Mas eu senti que ele estava tentando enterrar parte das nossas personalidades para o bem da unidade da tropa. E eu passei a usar isso como parte do meu personagem."
Entre a "salvação" por De Niro em 96 e a consagração por "Ryan", Sizemore fez filmes pequenos, distribuídos num circuito mais fechado. "Eu estou tentando trabalhar com grandes diretores, com bons roteiros", explica, "e isso torna as possibilidades muito menores".
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Tradução Denise Bobadilha



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