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Cariry abre Jornada de Cinema da Bahia
LÚCIA NAGIB
da Equipe de Articulistas
A Jornada Internacional de Cinema da Bahia chega à sua 25ª edição, que acontecerá entre hoje e o
dia 17 deste mês, em Salvador.
A sobrevivência do festival, que
resistiu ao período do regime militar e à escassez financeira sem alterar seu perfil combativo, é saudada
como um ato heróico de seu fundador e diretor, Guido Araújo,
que, nas palavras do cineasta argentino Fernando Birri, desenvolveu "incessante trabalho pioneiro
no céu e no inferno do novo cinema latino-americano e do cinema
novo brasileiro".
²
Histórico
Iniciada em 1972, a jornada se dedicou a princípio ao curta-metragem baiano, ampliando-se, a seguir, para o âmbito nacional.
Mas desde 1985 tornou-se um
festival competitivo internacional,
com ênfase para produções latino-americanas, ibéricas e da África
negra.
Concentrando-se sempre no
curta-metragem, passou a incluir
também documentários de longa-metragem, além de instituir uma
competição para produções em vídeo.
Este ano, cerca de metade dos 35
concorrentes no formato de película de curta-metragem já se apresentou no Festival Internacional
de Curtas-Metragens de São Paulo.
Mas há seis concorrentes brasileiros inéditos e outros seis estrangeiros (procedentes do Chile, da
Argentina, da Espanha, de Portugal e da Costa Rica), todos disputando o Prêmio Glauber Rocha,
principal distinção do evento, a ser
concedido por um júri internacional.
A mostra de vídeo abriga outros
35 concorrentes do Brasil e do
mundo, e dá espaço para produções feitas para a televisão.
²
Programação
As mostras e eventos especiais
constituem destaque da jornada, a
começar pela exibição de todos os
filmes, brasileiros e estrangeiros,
que já receberam o Prêmio Glauber Rocha.
Um filme inédito de Rosemberg
Cariry, autor de "Corisco e Dadá",
será projetado na cerimônia de
abertura, no Solar do Unhão.
Trata-se de "O Auto de Leidiana", uma história cordelesca estrelada por Via Negromonte, Nelson
Xavier e José Mojica Marins (o Zé
do Caixão).
Uma mesa-redonda e uma mostra de filmes latino-americanos
irão comemorar os 40 anos de "Tire Die", documentário político dirigido pelo cineasta argentino Fernando Birri, em 1958, que foi o estopim do novo cinema latino-americano e esteve também na raiz do
cinema novo brasileiro.
O artista plástico Franz Krajcberg e a ex-presidiária Maria do
Socorro Nobre, ambos objeto de
filmes de Walter Salles, estarão
presentes acompanhando uma retrospectiva dos documentários do
cineasta.
Mostras de filmes de Eisenstein e
de Brech estarão lembrando o centenário dos dois autores. Paralelamente, o "Seminário Cinemais",
evento organizado pela revista de
cinema carioca, estará discutindo
"Eisenstein, Brecht e Sua Influência no Cinema Latino-Americano".
Sob a coordenação do cineasta
Geraldo Sarno, o seminário contará com a presença de Ismail Xavier, Ivana Bentes, João Carlos Teixeira Gomes, Luiz Fernando Lobo,
Miguel Pereira, Paulo Dourado e
João Luiz Vieira.
Outro cineasta homenageado será Nelson Pereira dos Santos, que
virá à jornada para uma retrospectiva de seus filmes e uma mesa-redonda sobre o tema "Resgate da
Memória de "Rio 40 graus' e "Vidas
Secas'".
Lembrado será, por fim, Dji Bril
Diop-Mambety, cineasta senegalês
morto recentemente que está entre
os convidados da jornada do ano
passado.
Serão projetados dois filmes do
diretor: "Hyènes", seu longa-metragem mais famoso, e "Le Franc",
média-metragem premiado em
vários festivais internacionais.
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