São Paulo, sexta, 11 de setembro de 1998

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"Homem Branco" se perde no deserto americano

da Reportagem Local

A Taanteatro Cia., de Maura Baiocchi e Wolfgang Pannek, é caso à parte. Suas peças, em salas fora do circuito, são bem realizadas, com intenso cuidado na criação e acabamento. O desenvolvimento dos textos e o estudo da ação física apontam caminhos únicos.
E seus temas causam estranheza, pela singularidade. A companhia busca pontes, mas é quase como se não fizesse parte do teatro paulistano, ou brasileiro. Em "Homem Branco e Cara Vermelha" a estranheza está de volta.
É um belo texto teatral do judeu húngaro, que viveu anos nos EUA, George Tabori. Fala de um judeu e sua filha, perdidos num deserto americano, e do contato que travam com um "cara vermelha" em crise de identidade. Com humor nada preconceituoso, duas minorias contrapõem as suas mazelas, numa crueza espantosa.
É como se cavassem camada por camada toda a autocomiseração, até encontrar o maior, o verdadeiro derrotado. Há muito do chamado "teatro do absurdo" na placidez contraposta a um humor seco. O texto sugere tal caminho, a montagem o persegue, e o resultado é como que um espetáculo -não texto- estrangeiro.
² Clownesco
"Homem Branco" tem uma atuação soberba, atlética, clownesca, de Linneu Dias. Mas é tão distante dos derrotados e das minorias daqui que não se consegue penetrar na peça por emoção, mas apenas por raciocínio, por fria compreensão. (NS)
²

Peça: Homem Branco e Cara Vermelha
Quando: sexta e sábado, às 21h; domingo, às 20h
Onde: Instituto Goethe (r. Lisboa, 974, tel. 011/280-4288)
Quanto: R$ 20




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