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NOBEL
Editora espanhola Planeta, que vai estrear uma filial no país, já detém direitos de quatro romances de Imre Kertész
Premiado sairá no Brasil por nova editora
DO ENVIADO A FRANKFURT
A gigante editorial espanhola
Planeta estréia com pé direito na
sua empreitada de montar uma filial no Brasil. Duas horas antes do
anúncio do Nobel os três editores
brasileiros contratados para começar o catálogo da Planeta nacional compraram os direitos de
quatro romances de Imre Kertész.
Os livros, entre eles o grande sucesso do romancista húngaro,
"Sorstalanság" ("Sem Destino"),
de 1975, ainda não têm data para
sair no Brasil.
Igualmente sem calendário está
a estréia da Planeta no país, rumos que devem ser decididos na
semana que vem, quando os editores brasileiros se reúnem em
Barcelona com a cúpula da empresa espanhola.
"Isso é que chamo de sorte de
principiante", disse Lanna, que
até quinta-feira passada trabalhava para a Companhia das Letras.
"Existe toda uma literatura
completamente esquecida no
Brasil. E atrás disso é que estamos", completou Paulo Roberto
Pires, que junto com Lanna e Pascoal Soto, comemorava o Nobel
no estande da editora alemã Rowohlt, dona dos direitos mundiais
de Kertész.
Mais feliz que o trio brasileiro,
só estava a responsável pela publicação do húngaro na Alemanha.
Siv Bublitz, que convenceu a
Rowohlt a comprar todo o trabalho do romancista, disse à Folha
que o Nobel do autor não foi apenas de literatura, mas também o
da paz.
"Ele viveu o pior que a humanidade já experimentou e eu nunca
encontrei alguém que transmitisse tanta paz quanto Kertész", define Bublitz.
Segundo ela, o escritor não viria
a Frankfurt, mas daria uma entrevista coletiva na tarde de hoje em
Berlim, onde o autor está trabalhando em seu próximo romance,
previsto para 2003.
"Kadish"
Os quatro títulos adquiridos pela Planeta não são os primeiros de
Kertész no Brasil. A Imago lançou
por aqui, em 1995, "Kadish Por
uma Criança Não Nascida". O livro teve sua edição de 3.000
exemplares esgotada dois anos
depois. A editora não sabe ainda
se será reeditada a obra, o que depende de renegociação com a
agente de Kertész.
Em conversa com seus editores
brasileiros, à época do lançamento, o escritor, falando de seus textos, afirmou: "Às vezes me esgueiro pela cidade como uma fuinha
sarnenta que sobrou após o grande extermínio".
"Kadish" é um monólogo interior, no qual o autor relata uma
existência de tragédias. Kertész
fala das lembranças dos campos
de extermínio nazistas, de momentos terríveis da infância e da
adolescência, e descreve, ainda,
um casamento marcado pela infelicidade. "Apenas o fracasso resta
como a única certeza que conseguimos ter", escreve ele.
Colaborou MARCELO REZENDE, da Reportagem Local
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