São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 2002

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O rei está morto. Viva O Queens

Divulgação
A partir da esq., Dave, Josh e Nick, do Queens of the Stone Age



Sai no Brasil o 3º CD do Queens of the Stone Age, que tem a energia, o grunge e até um músico do Nirvana


LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Nirvana acabou em 1994, certo? Certo! A jovem banda australiana The Vines (som energético, vocalista loiro e problemático, quebradeira no pós-show), badalado destaque desta inspirada renovação roqueira, é o novo Nirvana, certo? Errado!
Se a alma de Kurt Cobain ainda vaga por acordes de guitarras, esses saem dos instrumentos da banda americana Queens of the Stone Age, grupo dos figuras Josh Homme e Nick Oliveri, que vê editado nesta semana no Brasil o excelente "Songs for the Deaf", seu terceiro CD.
O parentesco Nirvana/Stone Age vai além de o último manter em seu som, hoje, um rastro do grunge que teve sua grande combustão graças ao primeiro, nos 90.
Nem vamos considerar que o disco anterior do Stone Age, o elogiado "Rated R", foi ventilado como o "Nevermind" da virada do século, ou pelo menos o mais importante disco de rock desde o famoso disco do Nirvana.
Dá até para ignorar (não discordar de) quem fala que o grupo que se autodenomina As Rainhas da Idade da Pedra, tal qual o trio liderado por Cobain, transformou o heavy metal carrancudo, cada um na sua época, em uma coisa divertida, jovial, popular.
Mas daí a não enxergar o cara aí da foto acima, o da esquerda, que entrou na banda para gravar este "Songs for the Deaf" e ajudar a transformar o álbum em um dos principais discos deste ano....
"Songs for the Deaf", não bastasse sua penca de ótimas músicas, botou na banda a estrela Dave Grohl, o guitarrista e vocalista do Foo Fighters que alugou seu passe ao QOTSA durante um ano para tocar bateria e relembrar seus tempos de Nirvana.
Com Grohl e ainda Mark Lanegan (ex-Screaming Trees, outra banda da efervescente Seattle circa 1990), o Queens of the Stone Age virou um supergrupo. E o novíssimo "Songs for the Deaf", por consequência, um superdisco.
O CD, incrivelmente bruto, barulhento e melodioso ao mesmo tempo, como se isso fosse possível, alinha em 14 faixas uma energia contagiante, hipnótica, irônica, viajante. Literalmente viajante.
Faixa 1, play. Um sujeito entra no carro e dá a partida. Motor roncando, ele liga o rádio, roda as estações e pára em uma em que o DJ vai falar assim: "Como você se sente aí do outro lado? Eu preciso de uma saga. O que é saga? É tipo uma canção para surdo, daquelas que você nem consegue ouvir".
E logo vai entrar a impressionante "You Think I Ain't Worth a Dollar, But I Feel like a Millionaire", prima-irmã da clássica "Smells like Teen Spirit" em sua levada calma e, principalmente, nas nada calmas. É uma música indicada mesmo para os "surdos", logo dá para entender.
O disco está só começando. Até sua última canção, a "acústica" "Mosquito Song", vão seguir faixas que, a cada audição do álbum, irão disputar bravamente sua predileção: a quase-ópera "No One Knows"; o quase-samba (?) "First It Giveth"; "Go with the Flow"; "Gonna Leave You"; "God Is in the Radio". Uma melhor que a outra. E vice-versa.
Para completar, o CD nacional vem ainda com a bônus "Everybody's Gonna Be Happy", cover do veterano grupo inglês Kinks.
O Queens of the Stone Age, ainda que composto por veteranos, é banda nova, inserida neste novo levante de bons grupos que desde 2000 vem dando nova graça ao rock. E, pode conferir, após ouvir esse terceiro CD, você se pegará falando: "Longa vida ao Queens".


Songs for the Deaf     
Grupo: Queens of the Stone Age
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 25, em média





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