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Juntou a fome com a vontade de comer. Quando ouvia a trilha sonora do curta "Um Caffé com o Miécio", que Carlos Adriano finaliza sobre o caricaturista, colecionador de discos e estudioso Miécio Caffé (1920-2003), Caetano Veloso se encantou por uma música específica.
 
Era a desconhecida marchinha "A Voz do Povo", de Malfitano e Frazão, que Orlando Silva gravou em 1940, cuja letra diz: "Que raiva danada que eu tenho do povo, que não me deixa ser original". "É um manifesto, como sua obra", disse o músico baiano ao cineasta paulistano.
 
Corta. O curta sobre Miécio, que foi o maior colecionador privado de discos do Brasil (tinha 7.000 bolachas só em 78 rotações) e doou seu acervo ao MIS, fica pronto em novembro. Termina com a marchinha, já por Caetano, em voz e violão.
 
"Já que eu não encontro um termo novo para exaltar os olhos teus terei que repetir a voz do povo e a voz do povo é a voz de Deus Tudo o que eu penso de ti já se disse aqui e ali, portanto é voz geral e eu para dizê-lo de novo terei que me tornar banal. Que raiva danada que eu tenho do povo, que não me deixa ser original."