São Paulo, quinta-feira, 11 de outubro de 2007

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Novo método de venda do Radiohead testa consumo

Com venda de CDs em queda, indústria aposta em métodos diferentes para lucrar

Prince distribuiu novo álbum com jornal para alavancar shows; bandas investem em downloads para substituir discos

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

Como a indústria da música vai ajustar seus métodos anacrônicos para lucrar na era da internet é a pergunta de muitos milhões de dólares. Quando (e se) as gravadoras chegarem à resposta, terão chance de parar a atual sangria que se registra em seus negócios.
O método "pague o quanto quiser" adotado agora pelo Radiohead, uma das bandas mais populares do mundo, é a segunda experiência totalmente fora dos padrões tentada neste ano.
A primeira foi a de Prince, que distribuiu seu último disco, "Planet Earth", em julho, junto de 3 milhões de cópias do jornal "The Mail on Sunday".
Mas, enquanto Prince apostava no retorno com shows e produtos licenciados -ele distribuiu o disco só no Reino Unido, para promover a série de 21 shows que fez em Londres, todos com ingressos esgotados-, a jogada da banda de Thom York aponta em outra direção.
O Radiohead não está apenas cortando intermediários entre sua música e os fãs, mas fazendo, como o "The New York Times" pontuou, "uma experiência em comportamento do consumidor" e uma discussão sobre o custo aceitável da arte.

Preço e culpa
"Isso pode mudar os sentimentos em relação ao download gratuito", disse George Loewenstein, professor de economia e psicologia da Carnegie Mellon University, nos EUA, ao "New York Times".
"Se a banda está disposta a confiar que os fãs pagarão o que é justo, fica difícil para as pessoas que dizem que baixar música de graça não é roubo defender este argumento. Pode ser uma jogada brilhante", disse.
Na verdade, a questão não está ligada ao formato da música, mas a seu preço. Estarão as pessoas dispostas a pagar por algo que podem ter de graça?
Há uma torcida da indústria da música para que sim: mudar o formato (de CDs para MP3s ou para a próxima maravilha tecnológica) é um processo factível; mudar o paradigma (de música paga para música gratuita) é bem mais complicado, porque envolve descobrir outras fontes de lucro.
Quando a experiência do Radiohead se completar -ou seja, quando o disco disponibilizado para download for lançado pelas vias tradicionais- será possível ter uma visão um pouco mais nítida de sua viabilidade.
Qual será o faturamento com os downloads? E com as vendas do CD? Como se compararão às vendas anteriores? Haverá mais gente ouvindo Radiohead -e, por extensão, aumentando a demanda por shows e produtos, incluindo os CDs antigos?
Tudo permanece incógnito. Enquanto isso, o novo álbum do Radiohead já estava disponível em programas de troca de música minutos após chegar ao primeiro comprador. De graça, sem burocracia e ilegal.


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