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Novo método de venda do Radiohead testa consumo
Com venda de CDs em queda, indústria aposta em métodos diferentes para lucrar
Prince distribuiu novo álbum com jornal para alavancar shows; bandas investem em downloads para substituir discos
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
Como a indústria da música
vai ajustar seus métodos anacrônicos para lucrar na era da
internet é a pergunta de muitos
milhões de dólares. Quando (e
se) as gravadoras chegarem à
resposta, terão chance de parar
a atual sangria que se registra
em seus negócios.
O método "pague o quanto
quiser" adotado agora pelo Radiohead, uma das bandas mais
populares do mundo, é a segunda experiência totalmente fora
dos padrões tentada neste ano.
A primeira foi a de Prince,
que distribuiu seu último disco,
"Planet Earth", em julho, junto
de 3 milhões de cópias do jornal
"The Mail on Sunday".
Mas, enquanto Prince apostava no retorno com shows e
produtos licenciados -ele distribuiu o disco só no Reino Unido, para promover a série de 21
shows que fez em Londres, todos com ingressos esgotados-,
a jogada da banda de Thom
York aponta em outra direção.
O Radiohead não está apenas
cortando intermediários entre
sua música e os fãs, mas fazendo, como o "The New York Times" pontuou, "uma experiência em comportamento do consumidor" e uma discussão sobre o custo aceitável da arte.
Preço e culpa
"Isso pode mudar os sentimentos em relação ao download gratuito", disse George
Loewenstein, professor de economia e psicologia da Carnegie
Mellon University, nos EUA, ao
"New York Times".
"Se a banda está disposta a
confiar que os fãs pagarão o que
é justo, fica difícil para as pessoas que dizem que baixar música de graça não é roubo defender este argumento. Pode ser
uma jogada brilhante", disse.
Na verdade, a questão não está ligada ao formato da música,
mas a seu preço. Estarão as pessoas dispostas a pagar por algo
que podem ter de graça?
Há uma torcida da indústria
da música para que sim: mudar
o formato (de CDs para MP3s ou
para a próxima maravilha tecnológica) é um processo factível; mudar o paradigma (de
música paga para música gratuita) é bem mais complicado,
porque envolve descobrir outras fontes de lucro.
Quando a experiência do Radiohead se completar -ou seja,
quando o disco disponibilizado
para download for lançado pelas vias tradicionais- será possível ter uma visão um pouco
mais nítida de sua viabilidade.
Qual será o faturamento com
os downloads? E com as vendas
do CD? Como se compararão às
vendas anteriores? Haverá
mais gente ouvindo Radiohead
-e, por extensão, aumentando
a demanda por shows e produtos, incluindo os CDs antigos?
Tudo permanece incógnito.
Enquanto isso, o novo álbum
do Radiohead já estava disponível em programas de troca de
música minutos após chegar ao
primeiro comprador. De graça,
sem burocracia e ilegal.
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