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CRÍTICA
O melhor é quando o guitarrista está sozinho
DO ENVIADO A MIAMI
"Shaman" começa com a
viajandona instrumental
"Adouma", que de certa maneira
prepara os ouvidos para o que
vem por aí no novo Carlos Santana: muita "latinidade" (mais o
produto de exportação em si do
que a expressão de um povo) e, de
certa maneira, pouca coerência.
Assim, vale tudo. Da batida flamenca de "Nothing at All", que
traz o vocal (fraco) de Musiq, ao
taco com molho bolonhesa de
"Novus", com o cantor lírico Plácido Domingo, passando pelo
merengue estilizado de "Amoré
(Sexo)", com Macy Gray, que oferece de longe o melhor desempenho entre os convidados.
Cabe até "The Game of Love",
cantada por Michelle Branch, que
está sendo "trabalhada", estourou
nas rádios e não é mais do que
uma baladinha cujo refrão gruda
nos ouvidos ("A little bit of this/ A
little bit of that"), o que não chega
a ser demérito. É a candidata a
"Smooth" deste ano.
O CD anterior, aliás, comparece
em "Since Supernatural", que revela um saudável lado de auto-ironia de Carlos Santana ("Since
"Supernatural" nothing has changed", diz a letra) e aproveita bem
os rappers Melkie Jean e Governor Washington.
Pois o problema de "Shaman" é
o mesmo de "Supernatural": falta
unidade. O fato de a guitarra de
Santana ser onipresente não consegue dar identidade a um balaio
de gatos que tem desde o histrionismo de Plácido Domingo a Seal
sendo Seal (em "You Are My
Kind"), hard-rock de P.O.D. na risível "America" e o blues de Citizen Cope em "Sideways".
Ironicamente, o melhor são as
faixas instrumentais ou semi-instrumentais (só com coros), como
a já citada "Adouma" mais "Foo
Foo" (que lembra o "Oye Como
Vá"), "Victory is Won" (triste,
com um órgão de Chester
Thompson) e "Aye, Aye, Aye".
É isso que Santana vem fazendo
há três décadas, é isso que ele sabe
fazer melhor e é isso que atraiu
para sua legião de fãs nomes como os de Miles Davis e Dizzie Gillespie. Mas isso não vende.
(SD)
Shaman
Artista: Carlos Santana
Lançamento: BMG
Quanto: R$ 27,50
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