São Paulo, segunda-feira, 11 de novembro de 2002

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Diretor quis evitar enfoque "piedoso"

DA SUCURSAL DO RIO

Contar a história de seu personagem sem fazer sociologia nem paternalismo, apesar da inevitável metáfora de Brasil evocada por Cícero/Romão -faminto, analfabeto, devoto do padre Cícero e obstinado em busca de um emprego. Esse é, para o diretor Vicente Amorim, o maior desafio de "O Caminho das Nuvens".
"Não é um filme sobre o Brasil, é a história dessa família dentro do Brasil. Não tentei, através do microcosmo dessa família, fazer um analogia para todos os nordestinos ou todos os brasileiros, apenas tentei contar a história dessa família", afirma o diretor.
Ao mesmo tempo, Amorim sabe que o filme provoca metáforas inevitáveis, especialmente no contexto atual, em que se discute o combate à fome e em que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, foi um retirante nordestino.
Outra tentativa, diz o diretor, foi a de fugir do enfoque "piedoso", comum quando se trata do Nordeste, falando de seca, retirante e fome.
Amorim situa seu filme na série de produções recentes que voltaram o olhar para o Brasil da exclusão.
O diretor diz que os temas sociais estão sendo redescobertos. Para ele, há um sentimento de despertar para a brasilidade, como se o Brasil estivesse "perdendo a vergonha de ser brasileiro", e, ao mesmo tempo, o entendimento de que esses temas são os mais ricos, que rendem melhores histórias. "A pequena burguesia brasileira é de um enfado absoluto."
(FERNANDA DA ESCÓSSIA)


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