São Paulo, sexta-feira, 11 de novembro de 2005

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ÚLTIMA MODA

Chique e (SUPER) moderno

"Uma garota de 20 anos dificilmente será elegante", diz o estilista Wilson Ranieri. Ele tem 25 anos, mas quer fazer roupas para mulheres maduras. "Quero vestir mulheres independentes, seguras de si, que entendem a dobra de um vestido sobre o peito e não estão preocupadas apenas em mostrar o seio."
Wilson não tem medo de ir contra a maré. Na verdade, o vento sopra na sua direção. Uma nova feminilidade, adulta e sofisticada, apareceu nos últimos desfiles europeus, quebrando a hegemonia do estilo teenager no look feminino. E foi com uma coleção madura e elaborada que Wilson arrebatou o público do Amni Hot Spot -°Verão 2006 e se tornou a estrela deste evento de jovens estilistas, no último mês, em São Paulo.
Suas roupas são sofisticadas, mas contemporâneas e sutilmente ousadas. Ele é fã dos radicais estilistas japoneses Yohji Yamamoto e Rei Kawakubo. O "moulage", criação da roupa no próprio modelo, é a técnica preferida de Wilson. "O "moulage" me leva à construção e à desconstrução, daí meu gosto pelos japoneses. Gosto de questionar a modelagem."
Na semana passada, ele embarcou para o Japão, onde participa de uma feira de moda. Duas lojas de Tóquio vendem suas coleções, que também podem ser encontradas na Cidade do México e em Nova York. No Brasil, suas roupas custam em média R$ 1.500.
Wilson é extrovertido e sem papas na língua. "Às vezes me considero mais maduro que outros estilistas da minha geração. Não gosto de improviso e trabalho bastante, pois não sou de família rica. Sou de classe média baixa." Seu pai tem uma pequena empresa de remoção de entulhos.
Primeiro, ele pensou em fazer artes plásticas. Passou no vestibular da USP, mas desistiu do curso. Foi fazer moda na Santa Marcelina. A escola era cara. Um estágio na equipe de Elisa Stecca ajudava a pagar os gastos com transporte. Formou-se em 2000. Trabalhou com Bia Lessa e na Huis Clos, grife que ele adora: "Clô Orozco é a primeira, a segunda e a terceira melhor estilista brasileira. Depois, vem Alexandre Herchcovitch."
Wilson não tem uma loja própria. Trabalha num pequeno ateliê no Jabaquara (zona sul), com três costureiras, onde faz um pouco de tudo. Outro dia, uma cliente lhe pediu que cobrasse da expedição uma encomenda que ela tinha feito. "Mas a expedição sou eu mesmo", ele respondeu.
Da criação à... expedição, Wilson Ranieri é o nome por trás de uma das coleções mais inteligentes e sedutoras do verão.


WILSON RANIERI: r. Lussanvira, 480, São Paulo. Tel. 0/xx/11/5588-0991.


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