São Paulo, domingo, 11 de novembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Morre o escritor Norman Mailer, aos 84

Vencedor do Pulitzer duas vezes, o jornalista e romancista foi vítima de falência renal aguda, ontem pela manhã

Entre os principais livros do autor norte-americano, estão "Os Nus e os Mortos", "Os Degraus do Pentágono" e "A Canção do Carrasco"

DENYSE GODOY
DE NOVA YORK

O escritor Norman Mailer, expoente do "novo jornalismo" e um dos maiores nomes da literatura americana do pós-guerra, morreu ontem pela manhã em Nova York, aos 84 anos, de falência renal aguda. No dia 17 de outubro, a família divulgou que ele estava internado no hospital Monte Sinai após realizar uma cirurgia no pulmão.
Vencedor do Prêmio Pulitzer em duas ocasiões (1968, com "Os Exércitos da Noite - Os Degraus do Pentágono", e 1979, com "A Canção do Carrasco", ambos fora de catálogo no Brasil), o escritor também era conhecido pelo estilo violento e por seu antagonismo ao feminismo. Romancista, ensaísta e repórter, publicou mais de 40 livros, transitando entre a ficção e a não-ficção.
Nesta semana, saiu seu último livro, "On God: an Uncommon Conversation" (sobre Deus: uma conversa incomum), ainda inédito no Brasil, no qual critica o presidente George W. Bush e a guerra do Iraque. O romance "The Castle in the Forest" (o castelo na floresta) foi lançado no início do ano nos EUA e deve ser publicado em dezembro no Brasil pela Companhia das Letras.
Mailer escreveu uma biografia de Marilyn Monroe e contou a história de Lee Harvey Oswald, assassino do presidente John Kennedy. "Uma coisa que eu sempre quis ser foi escritor", comentou. "Queria escrever um romance que Dostoiévski e Marx, Joyce e Freud, Stendhal, Tolstói, Proust e Spengler, Faulkner e até o velho e mofado Hemingway quisessem ler."

Trajetória
Judeu nascido em Long Branch, no Estado de Nova Jersey, em 31 de janeiro de 1923, o escritor cresceu no Brooklyn, em Nova York, cidade que testemunhou seu estilo de vida ruidoso -era fumante inveterado, mulherengo, bebia e sempre arrumava encrencas. "Nova York acaba comigo. Não consigo mais ficar a noite toda na rua e escrever no dia seguinte", disse. Há dez anos, adotou o que chamou de "vida abstêmia" e se mudou para Provincetown, Massachusetts, com a mulher, Norris Church.
Casou-se seis vezes e teve nove filhos. Em 1960, ele esfaqueou com um canivete a sua segunda mulher, Adele Morales, com quem estava desde 1954. Acabaram se reconciliando; e ela contou a sua versão do ocorrido na biografia "The Last Party" (a última festa). Por conta desse episódio e de alusões a agressões sexuais em sua obra, era freqüentemente criticado pelo movimento feminista.
Formou-se em engenharia aeronáutica por Harvard em 1943 e e serviu no Exército durante a Segunda Guerra Mundial. A experiência é contada em seu primeiro romance, "Os Nus e os Mortos", de 1948. Muito bem recebido pela crítica, o livro chegou ao topo da lista de mais vendidos.
Candidato à Prefeitura de Nova York em duas ocasiões, Mailer afundou a própria campanha ao chamar seus aliados de "bando de porcos mimados". Descrevia-se como um "conservador de esquerda" e dizia detestar o capitalismo.


Texto Anterior: Música: Cauby Peixoto retorna ao Bar Brahma
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.