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Miriam Makeba morre após show
"Imperatriz da música africana" e ativista antiapartheid, sul-africana ganhou fama com o hit "Pata Pata"
DA REPORTAGEM LOCAL
A cantora folk sul-africana
Miriam Makeba, ídolo nacional
e autora do hit "Pata Pata",
morreu anteontem, após participar de um show no sul da Itália contra o crime organizado.
Makeba, 76, era conhecida como "Mama Africa" e "imperatriz da música africana".
Famosa ativista antiapartheid, Makeba foi levada ao
pronto-socorro de uma clínica
particular em Castel Volturno,
perto de Nápoles, após sofrer
um ataque cardíaco e cair no
palco no final da apresentação.
Ela cantou por meia hora no
show em solidariedade ao jornalista italiano Roberto Saviano, ameaçado de morte por escrever um livro sobre os mafiosos da Camorra, de Nápoles. O
livro virou filme premiado,
"Gomorra". O show era também homenagem a seis imigrantes de Gana mortos a tiros
em setembro na Itália, um crime supostamente cometido
pela máfia napolitana.
"Suas melodias sombrias deram voz à dor do exílio e deslocamento que ela sentiu por 31
longos anos. Ao mesmo tempo,
sua música inspirou um poderoso sentimento de esperança
em todos nós", disse Nelson
Mandela num comunicado.
Makeba, que misturava jazz
com sons tradicionais africanos e linguagem xosa, foi a primeira cantora negra sul-africana a ganhar fama internacional.
Morou em diversos países durante seu exílio e só voltou com
o fim do apartheid, no começo
dos anos 1990.
Makeba, ex-empregada doméstica, cresceu numa favela
perto de Johannesburgo e começou a cantar no coro da escola. Ela aprendia novas músicas ouvindo nomes do jazz
americanos, como Ella Fitzgerald.
Ao longo da carreira, cantou
com diversas lendas do jazz, como Nina Simone e Dizzy Gillespie, além Paul Simon. Também
se apresentou para líderes
mundiais, como John F. Kennedy e Mandela.
Seu primeiro passo para a fama fora da África do Sul foi o
polêmico documentário antiapartheid chamado "Come
Back, Africa", de 1959. No ano
seguinte, quando tentou voltar
para casa para o funeral de sua
mãe, descobriu que seu passaporte havia sido revogado. Em
1963, chegou a pedir na Organização das Nações Unidas um
boicote internacional contra a
África do Sul. O governo do país
respondeu banindo seus álbuns, incluindo as canções
"The Click Song" e "Malaika".
Sua canção mais famosa,"Pata Pata", foi gravada no final
dos anos 1950. Em 1966, foi a
primeira africana negra a receber um Grammy, pelo álbum
folk feito em parceria com
Harry Belafonte ("An Evening
With Belafonte/ Makeba").
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