São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 2008

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Miriam Makeba morre após show

"Imperatriz da música africana" e ativista antiapartheid, sul-africana ganhou fama com o hit "Pata Pata"

DA REPORTAGEM LOCAL

A cantora folk sul-africana Miriam Makeba, ídolo nacional e autora do hit "Pata Pata", morreu anteontem, após participar de um show no sul da Itália contra o crime organizado. Makeba, 76, era conhecida como "Mama Africa" e "imperatriz da música africana".
Famosa ativista antiapartheid, Makeba foi levada ao pronto-socorro de uma clínica particular em Castel Volturno, perto de Nápoles, após sofrer um ataque cardíaco e cair no palco no final da apresentação.
Ela cantou por meia hora no show em solidariedade ao jornalista italiano Roberto Saviano, ameaçado de morte por escrever um livro sobre os mafiosos da Camorra, de Nápoles. O livro virou filme premiado, "Gomorra". O show era também homenagem a seis imigrantes de Gana mortos a tiros em setembro na Itália, um crime supostamente cometido pela máfia napolitana.
"Suas melodias sombrias deram voz à dor do exílio e deslocamento que ela sentiu por 31 longos anos. Ao mesmo tempo, sua música inspirou um poderoso sentimento de esperança em todos nós", disse Nelson Mandela num comunicado.
Makeba, que misturava jazz com sons tradicionais africanos e linguagem xosa, foi a primeira cantora negra sul-africana a ganhar fama internacional. Morou em diversos países durante seu exílio e só voltou com o fim do apartheid, no começo dos anos 1990.
Makeba, ex-empregada doméstica, cresceu numa favela perto de Johannesburgo e começou a cantar no coro da escola. Ela aprendia novas músicas ouvindo nomes do jazz americanos, como Ella Fitzgerald.
Ao longo da carreira, cantou com diversas lendas do jazz, como Nina Simone e Dizzy Gillespie, além Paul Simon. Também se apresentou para líderes mundiais, como John F. Kennedy e Mandela.
Seu primeiro passo para a fama fora da África do Sul foi o polêmico documentário antiapartheid chamado "Come Back, Africa", de 1959. No ano seguinte, quando tentou voltar para casa para o funeral de sua mãe, descobriu que seu passaporte havia sido revogado. Em 1963, chegou a pedir na Organização das Nações Unidas um boicote internacional contra a África do Sul. O governo do país respondeu banindo seus álbuns, incluindo as canções "The Click Song" e "Malaika".
Sua canção mais famosa,"Pata Pata", foi gravada no final dos anos 1950. Em 1966, foi a primeira africana negra a receber um Grammy, pelo álbum folk feito em parceria com Harry Belafonte ("An Evening With Belafonte/ Makeba").


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