São Paulo, quarta-feira, 11 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

POLÍTICA CULTURAL

Cidade foi escolhida para abrigar o evento em janeiro de 2004; intenção é monitorar produção global

SP sediará 1º Fórum Mundial de Cultura

ISRAEL DO VALE
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM SALVADOR

Os olhos mais atentos do mundo das artes voltam-se para São Paulo em 2004. Durante dez dias, a cidade será uma ONU Cultural, com representações de todos os continentes desdobradas em conferências, mostras e espetáculos, base da primeira edição do Fórum Mundial de Cultura.
É o principal evento para as comemorações dos 450 anos da cidade - justamente em janeiro, mês do aniversário.
Itinerante e trienal, o Fórum Mundial de Cultura vem sendo acalentado desde 1997. A idéia surgiu de conferências na França e Itália, promovidas por organismos de cooperação mundial focados em cultura, mas ganhou impulso em 1998, a partir de um encontro organizado pela ONU e a Unesco em Estocolmo.
"A intenção é criar meios de monitorar a cultura global e inverter esta mão única estética, na produção e distribuição", diz Ruy Cezar Silva, diretor do Instituto Casa Via Magia, de Salvador, um dos principais articuladores para a vinda do Fórum ao Brasil.
Também pleitearam o evento África do Sul, Emirados Árabes, Hong Kong, México, Argentina, França e EUA - todos retiraram as candidaturas em favor do Brasil. "O ponto decisivo foi a facilidade de interlocução do Brasil com o mundo árabe, Ásia, África e América Latina, num momento em que há tanta restrição à circulação de pessoas na Europa e EUA", explica Cezar Silva.
A escolha de São Paulo como cidade-sede deve-se não só à infra-estrutura, mas à multiplicidade cultural que a cidade já comporta. Rio e Salvador manifestaram interesse. "Não queríamos fazer um leilão", diz Cezar Silva.
A preocupação de desvincular o Fórum Mundial do poder público gerou uma série de articulações com a sociedade civil. "Os primeiros que procuramos foram o Sesc e o Itaú Cultural", lembra Cezar Silva. Outra adesão de peso foi a do Gife, o Grupo de Instituto e Fundações, que congrega cerca de 60 centros culturais privados brasileiros.
O envolvimento do Gife não implica o comprometimento automático de todas as instituições que o integram, diz Rebeca Raposo, diretora-executiva do grupo.
O calendário preparativo prevê fóruns regionais em vários pontos do planeta. O principal deles, na América Latina, está programado para junho, no México. O Rio sedia a etapa brasileira, em setembro -o formato do Fórum Mundial de Cultura será definido a partir de todas estas discussões. Na semana passada, a Fundação Ford aprovou a liberação de verba para a montagem de um banco de dados que reunirá o conteúdo de todas as redes de informação culturais já estruturadas no mundo. O trabalho começa em janeiro.
O conceito das redes de informação norteia todo o projeto. O Mercado Cultural soteropolitano, que teve sua quarta edição encerrada no último domingo, é apenas o cume brasileiro deste iceberg que propõe novas vias de circulação de bens culturais.
"O Mercado Cultural baiano é uma plataforma inspiradora", diz o diretor regional do Sesc paulista, Danilo Santos de Miranda. Segundo ele, a instituição imobilizará toda sua estrutura, física e de pessoal, para abrigar o Fórum.
O custo estimado é de cerca de US$ 8 milhões, que seriam financiados por órgãos de abrangência mundial, fundações internacionais e iniciativa privada. A operação fica com as redes de informação, espécies de ONGs que atuam na aproximação de agentes culturais. O braço latino-americano (www.redlat.org) é presidido pelo colombiano Octavio Arbeláez Tobón, com financiamento da Fundação Rockefeller.


O jornalista Israel do Vale viajou a convite da produção do Mercado Cultural


Texto Anterior: Outra frequência: Missionário arrenda FMs de Quércia e horário de Mion
Próximo Texto: Fotografia: Paulista, 111, ganha exposição e livro
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.