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SHOW CRÍTICA
Lloyd Cole só pega no tranco
THALES DE MENEZES
da Reportagem Local
O cantor britânico Lloyd Cole
exigiu muita paciência dos são-paulinos e palmeirenses que foram
ao Palace na noite de quarta-feira.
Enquanto Corinthians e Santos
despejavam emoção na semifinal
do Campeonato Brasileiro de futebol, Cole embolava o meio-campo
numa apresentação que só deslanchou no final.
O público era trintão. Afinal,
Lloyd Cole teve sua fase áurea nos
anos 80, quando emplacou vários
hits com sua voz maravilhosa e sua
cara de meninão zangado. Sucessos como "Perfect Skin" e "Brand
New Friend" marcaram uma geração que mandou muitos representantes para as cadeiras do Palace.
Todo mundo sabe que a carreira
solo de Cole, iniciada em 1990, não
é lá essas coisas. Os discos não conseguiram lugar de destaque nas
paradas, e alguns até não saíram
no Brasil. Por isso, a expectativa da
platéia era ouvir muita coisa do álbum mais recente, "Love Story"
(95), e do próximo, que ele está
gravando com a nova banda, The
Negatives. E, é lógico, os hits dos
anos 80.
Mas o show já começou estranho. Ele entrou no palco, tímido,
com roupa casual, acompanhado
por um integrante de sua banda,
ambos com violões.
O clima era de "unplugged" total.
A bela voz continua bela, e canções
novas e velhas compuseram uma
espécie de primeiro ato, como um
breve aquecimento para o show
que ainda estaria prestes a acontecer.
Quando Cole tirou o violão e deu
o instrumento a um roadie, a platéia pensou que a banda entraria
para dar prosseguimento ao show,
mas o cantor e seu amigo deixaram
o palco. No lugar deles, uma loirinha miúda de guitarra na mão.
Jill Sobule, roqueira independente e obscura de Denver que fez
um pouquinho de sucesso com "I
Kissed a Girl", cantou duas músicas intimistas e tensas, como uma
Jewel mais magrinha e mais histérica.
O público gostou da primeira
canção da garota, aplaudiu também a segunda, mas esperava a
volta de Cole e a presença da banda
toda. Jill chamou os rapazes, mas
ninguém veio ao palco. Constrangida, a moça entoou um antigo sucesso de David Bowie.
No meio desse momento cover,
Lloyd Cole reapareceu, de cerveja
na mão, e ajudou Jill no coro: "All
the young dudes...". Mais alguns
aplausos e a banda surgiu no palco.
Cole pegou a guitarra e... Jill começou a cantar de novo.
A moça era incentivada pelo líder a cantar, embora o clima na
platéia estivesse meio tenso. Na
sexta canção seguida com vocal de
Jill, gritos de "Canta, Lloyd!" começaram a pipocar pelas cadeiras.
Quando a paciência dos fãs parecia quase esgotada, Cole voltou ao
microfone e finalmente deu início
ao show. "Perfect Skin" foi um divisor de águas na apresentação. A
partir dela, outros sucessos animaram o público. Até canções inéditas tiveram ótimo desempenho.
O entusiasmo de Cole deu as caras, motivando o artista a voltar
duas vezes para o bis, calorosamente recebido pelo público.
Sem contar a primeira parte do
show, uma derrapada feia, Lloyd
Cole provou que tem uma grande
voz e sabe escrever belas músicas.
Mas a banda Negatives ainda tem
que comer muito feijão para chegar perto dos Commotions, grupo
de Cole na década passada.
O cantor saiu do palco aplaudido, mas o público merecia um
pouco mais, desde o início.
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