São Paulo, sexta-feira, 12 de janeiro de 2001

Texto Anterior | Índice

MUNDO GOURMET


Rei do Mar parece ter a mão ágil da cozinha chinesa



JOSIMAR MELO
COLUNISTA DA FOLHA



"Rei do Mar." "Típico chinês." As palavras saltaram aos meus olhos quando surgiram de relance numa placa da avenida Morumbi. Dias depois, mais uma passada ocasional. Uma breve parada em busca de um número de telefone. Nas placas, a única informação adicional era: bufê de frutos do mar no almoço. Depois de anos do fechamento do Hong Sheng, o restaurante chinês que servia frutos do mar na Vila Mariana, nenhum outro local surgira com essa especialidade.
O Ton Hoi, chinês cujos proprietários gostam de pesca e de peixe, não chega a dedicar-se especialmente aos pratos de frutos do mar. A cidade estava órfã na modalidade.
De fora, as promessas eram dúbias. Por um lado, uma casa grande com vagas de carros, sobressaindo-se na rua movimentada e comercial. Por outro, o conjunto não exalava nenhuma personalidade, nem chinesa nem outra, no máximo, o de uma churrascaria rodízio.
E de fato, vim a saber depois, era uma churrascaria que funcionava ali, até o local ser ocupado, um ano atrás, pela família chinesa que agora o administra: os sócios Ho Shu Shau e Zhu Qi, e o casal Ho Ne Wun (filho do primeiro) e Ho Zhu Bao Qiong (filha do segundo).
Os salões, com uma pobre decoração típica, são precedidos pelo promissor colírio para os gourmets: aquários em dois níveis, abrigando, vivinhos e à nossa espera, tilápias, carpas, siris e rãs!
Trata-se cabalmente, portanto, daquilo que as placas prometem: um restaurante chinês especializado em frutos do mar (sem que deixe também de servir frango xadrez, costela de porco ou nervo de boi). No cardápio, não estão somente os produtos do aquário (há de camarão a barbatana de tubarão). E os molhos e temperos, com ingredientes como gengibre e molho de ostra, não diferem muito do que conhecemos da cozinha de Cantão, bastante presente em São Paulo.
A novidade é que as vieiras são macias e quase cruas, deliciosa raridade; as rãs são no ponto, e não esturricadas; os legumes são crocantes. Em outras palavras, no Rei do Mar a cozinha parece ter a mão ágil que caracteriza a grande cozinha chinesa.


Cotação: $$°Avaliação:  
Restaurante: Rei do Mar (av. Morumbi, 8.558, Brooklin, tel. 0/xx/11/ 533-6264)
Horário: diariamente, das 11h30 às 15h e das 18h30 às 23h
Cozinha: chinesa do mar, caprichada
Ambiente: aquários na entrada do salão sem graça
Serviço: sem destaques
Quanto: entradas, de R$ 5 a R$ 18; peixes e frutos do mar, de R$ 12 a R$ 38; carnes e aves, de R$ 12 a R$ 18; massas, de R$ 10 a R$ 15; sobremesas, de R$ 5 a R$ 10

$ (até R$ 22); $$ (de R$ 22,01 a R$ 42);
$$$ (de R$ 42,01 a R$ 62); $$$$ (acima de R$ 62).
Avaliação: excelente    ; ótimo   ; bom  ; regular (sem estrela); ruim  


"SOUS-VIDE"

Gastronomia a vácuo chega ao Brasil



Dentro de aproximadamente dois meses, o Brasil começará a ter acesso a produtos preparados segundo a tecnologia do "sous-vide" -alimentos cozidos dentro de embalagens a vácuo. Eles virão da fábrica de 4.000 m2 que foi inaugurada esta semana em Brasília. Pode parecer meio bizarro, mas a técnica, adotada pela empresa Cuisine Solutions (do grupo francês Vilgrain), tem padrinhos de peso. Na França, nomes como Paul Bocuse e Alain Senderens vendem em supermercados pratos prontos com sua assinatura e preparados em "sous-vide". Nos Estados Unidos, a Cuisine Solutions trabalha com chefs como Daniel Boulud e Charlie Trotter. Os alimentos são cozidos dentro da embalagem, depois congelados e descongelados no momento de servir. O cozimento a vácuo preserva melhor a textura e o sabor e permite fazer milhares de refeições praticamente idênticas. No Brasil, a empresa pretende vender pratos prontos e semiprontos para companhias aéreas, banquetes de hotéis, além de linhas de produtos de supermercados, entre outras modalidades.


Texto Anterior: Resenha: Uma ode apaixonada ao bacalhau
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.