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2,5 mi ganharão ingresso em 2009
Surpreendido pelo bom resultado de 2008, distribuidor estima perda de receita e cogita pedir divisão da renda
Secretaria defende relevância do programa ao ajudar salas do interior a se manterem abertas e tacha de "míope" a chiadeira dos distribuidores
DA REPORTAGEM LOCAL
A Secretaria de Estado da
Cultura de São Paulo reservou
R$ 7,5 milhões para a edição
2009 do programa "Vá ao Cinema", estimando a participação
de 2,5 milhões de espectadores.
Esse é o número de ingressos
que serão distribuídos na capital e em cidades do interior do
Estado, ao longo do ano.
O acordo da secretaria com
os exibidores prevê o pagamento de R$ 3 por ingresso utilizado (leia quadro acima).
A avaliação que a secretaria
faz dos resultados do programa
em 2008 é positiva não apenas
pelo índice de 76% de adesão
do espectador -dos 2,5 milhões de ingressos distribuídos,
1,9 milhão foram utilizados-,
mas também pelos efeitos provocados no parque exibidor.
"É relevante ajudar os cinemas do interior a ficarem abertos. A maior parte das salas participou do programa duas ou
três vezes no ano. Muitos exibidores que programavam apenas uma sessão nos dias úteis
passaram a fazer sessões-extra", diz André Sturm, coordenador da Unidade de Fomento
da Secretaria de Cultura, que
idealizou o programa.
Sturm diz que a subvenção
dos ingressos para filmes nacionais é também "uma forma
de subsidiar o cumprimento da
cota de tela [número de dias fixado pelo governo para exibição obrigatória de filmes brasileiros] em salas que não têm facilidade para fazê-lo".
Mas, se o "Vá ao Cinema"
agrada os exibidores, não necessariamente deixa felizes os
distribuidores de quem os primeiros alugam as cópias de filmes nacionais. Longe disso.
"A sensação que tenho é a de
que passaram a mão no meu
traseiro", reagiu Bruno Wainer,
ao saber que "O Garoto Cósmico", lançado por sua distribuidora, Downtown Filmes, fez
102,3 mil espectadores no programa do governo paulista.
O público que pagou para ver
"Garoto Cósmico" nos cinemas
foi de 36,4 mil pessoas. Esse
não é o único filme a ter tido no
programa subvencionado pelo
governo paulista um público
superior ao restante de sua bilheteria (leia quadro à dir.).
"Se eu puder chiar, vou chiar
e vou atrás do meu dinheiro",
afirma Wainer. A bronca do
distribuidor é com o fato de ele
haver negociado as cópias de
"Garoto Cósmico" que participaram do "Vá ao Cinema" no
modelo de "preço fixo", que é
utilizado quando se estima público comedido e no qual o distribuidor recebe antecipadamente um valor fechado (leia
quadro no alto desta página).
Os demais distribuidores cujos filmes lideram o ranking do
"Vá ao Cinema" também negociaram a "preço fixo" e, assim
como Wainer, estão descontentes, apurou a Folha.
Para Sturm "é uma miopia
dos distribuidores reclamar
que poderiam ter ganho mais,
em vez de comemorar que cópias que estavam paradas, empoeirando foram alugadas".
Ele diz que "não houve má-fé
dos exibidores em propor preço fixo, que é uma regra de
mercado muito antiga, criada
pelos distribuidores".
(SA)
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