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O americano, autor de peças como "A Morte de um Caixeiro-Viajante" e "As Bruxas de Salem", sofria de câncer
Morre, aos 89, o dramaturgo Arthur Miller
LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK
Arthur Miller, autor de peças
como "A Morte de um Caixeiro-Viajante" e "As Bruxas de Salem",
morreu na noite de anteontem,
aos 89 anos, de falência cardíaca.
Conhecido como "o mais americano dos grandes dramaturgos
dos EUA", Miller, que sofria de
câncer e lutava contra problemas
cardíacos e uma pneumonia,
morreu em sua casa, em Roxbury
(Connecticut), com os filhos a seu
lado. O anúncio foi feito por sua
assistente, Julia Bolus.
O dramaturgo havia recebido
alta do centro oncológico Memorial Sloan Kettering, em Nova
York, há algumas semanas, indo
morar no apartamento de sua irmã, Joan Copeland. A seu pedido,
foi transferido na última terça-feira para sua casa, uma fazenda do
século 18 que comprou em 1958.
"Ele tinha câncer e queria ir para casa. Creio que foi por isso que
pediu para voltar a seu lar, para
morrer", afirmou sua irmã.
Sua morte repercutiu intensamente. "Miller tratou com sucesso os principais tópicos da consciência social em suas peças, que
sempre refletiam ou reinterpretavam os elementos turbulentos e
públicos de sua vida, incluindo
seu efêmero casamento com Marilyn Monroe e sua recusa a cooperar com o Comitê de Atividades
Antiamericanas [durante o macarthismo, nos anos 40 e 50]", escreveu o "New York Times", referindo-se aos dois episódios mais
célebres da vida do escritor.
"Ao lado de Tennessee Williams e William Inge, Miller é
considerado um dos principais
dramaturgos dos anos 50, a era de
ouro do teatro americano", disse
a TV CNN.
Arthur Asher Miller nasceu em
17 de outubro de 1915 em Nova
York, numa família de classe média. Começou a escrever durante
a faculdade, quando trabalhava
como balconista e carregador para pagar pelos estudos, após seu
pai perder dinheiro na Grande
Depressão. Embora tenha recebido prêmios pela sua produção na
época, apenas em 1944 teve uma
peça montada na Broadway.
"The Man Who Had All The
Luck" (o homem que tinha muita
sorte) fez só quatro apresentações
e foi considerada um fracasso.
"Minha primeira peça foi um desastre. Decidi nunca mais escrever outra", disse o autor em 1988.
Mas, avesso aos críticos, ele retornou aos palcos com "Todos os
Meus Filhos", em 1947, e experimentou o sucesso.
Dois anos depois, aos 33, escreveria em apenas seis semanas "A
Morte de um Caixeiro-Viajante",
considerada sua obra-prima e
contemplada com o Prêmio Pulitzer, o Prêmio dos Críticos de Teatro de Nova York e o Tony (espécie de Oscar do teatro).
No Brasil, a peça de Arthur Miller foi montada em 2003 por Felipe Hirsch, tendo no elenco os atores Marco Nanini e Juliana Carneiro da Cunha.
Crítico contumaz da sociedade
americana, Miller não se intimidava em usar suas peças para colocar o dedo na ferida. "As Bruxas
de Salem", de 1953, é provavelmente seu texto mais voraz.
Evocando o puritanismo no
nordeste americano do fim do século 17, Miller costurou uma parábola ferina sobre a caça aos comunistas pelo Congresso americano na época, da qual também
foi uma vítima.
Sua vida não foi menos agitada
que suas peças e demais incursões
criativas. Casou-se três vezes e
nunca passou mais do que um
ano sozinho.
Com Mary Grace Slattery, viveu
16 anos, teve dois filhos. Separou-se para ficar com a diva Marilyn
Monroe (1926-1962), formando
um dos casais de celebridades favoritos da imprensa em todos os
tempos. A relação foi tumultuada
e durou cinco anos, terminando
em separação 19 meses antes do
suicídio da estrela.
Ele voltou a se casar um ano depois, em 1962, com a fotógrafa Inge Morath. Os dois permaneceram juntos até a morte dela, em
2002, e tiveram dois filhos. Nos últimos dois anos, o dramaturgo vivia com a artista Agnes Barley, 60
anos mais nova.
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