São Paulo, terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

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Ladrões levam telas de US$ 160 mi na Suíça

Quadros de Edgar Degas, Claude Monet, Paul Cézanne e Vincent Van Gogh são roubados de museu em Zurique

Três homens armados invadiram o centro de arte E. G. Buehrle anteontem, pouco antes do fechamento; ação durou apenas três minutos

MARCELO NINIO
DE GENEBRA

Os suíços ainda comentavam o desaparecimento de dois quadros de Pablo Picasso de uma galeria perto de Zurique, na semana passada, quando a polícia anunciou ontem um novo roubo de obras de arte, já considerado um dos maiores da história. O valor somado das telas de Paul Cézanne, Edgar Degas, Vincent Van Gogh e Claude Monet foi estimado em US$ 160 milhões (R$ 282,7 mi).
O roubo ocorreu no domingo, quando três homens armados entraram no museu E. G. Buehrle, em Zurique, especializado em arte européia dos séculos 19 e 20. Em seguida, com os funcionários deitados no chão e sob a mira de uma arma, dois deles foram até uma das salas e levaram as obras.
Faltava meia hora para o museu fechar. "É o maior roubo já cometido na Suíça, talvez na Europa", disse Marco Cortesi, porta-voz da polícia de Zurique, que classificou a ação de "espetacular". Ele a comparou ao roubo da tela "O Grito", de Edvard Munch, em 2004.
As obras levadas anteontem foram "O Menino de Colete Vermelho" (1890), de Cézanne, "O Conde Lepic e Suas Meninas" (1871), de Degas, "Papoulas em Vetheuil" (1880), de Monet, e "Castanheiro em Flor" (1890), de Van Gogh.
Uma recompensa de US$ 90 mil foi oferecida a quem der informações que levem às pinturas. Na semana passada, as telas "Cabeça de Cavalo" e "Copo e Jarro", de Picasso, foram levadas de um centro cultural próximo a Zurique.
"É um choque, sobretudo pelo fato de ter sido um assalto a mão armada, algo raro na Suíça", disse à Folha o diretor do Museu de Arte e História de Genebra, Caesar Menz. Para ele, o roubo em Zurique obrigará todos os museus suíços a rever seus esquemas de segurança. "Ontem mesmo, nos reunimos para avaliar as mudanças que teremos de fazer."
Segundo Menz, todos os museus públicos da Suíça, como o que dirige, têm suas obras seguradas. Não foi divulgado se as obras roubadas do museu Buehrle, uma instituição privada, tinham seguro.
A imprensa suíça citou comentários de investigadores de que a facilidade com que as obras foram levadas revela que a segurança no museu Buehrle estava aquém da importância das obras expostas.
Os ladrões tinham cerca de 1,75 m, e um deles falava alemão com sotaque eslavo. As telas roubadas estavam protegidas por vidro, e um alarme foi ativado assim que elas foram tocadas, disse o diretor do museu, Lukas Gloor, que considerou a segurança adequada.
Após colocarem as pinturas em uma van branca que estava estacionada em frente ao museu, desapareceram sem deixar vestígio. "Eles sabiam exatamente o que queriam, porque em três minutos estava tudo terminado", disse Cortesi.
Embora concorde que as obras roubadas estavam entre as mais valiosas, Gloor disse que os ladrões parecem ter levado as que estavam mais perto da porta, deixando para trás quadros ainda mais valiosos. A coleção Buehrle tem mais de 200 pinturas, entre elas sete Van Goghs, sete Cézannes, seis Degas e cinco Monets.
Menz acha que a tese mais provável é a de seqüestro. "As obras são conhecidas demais para terem mercado, e a possibilidade de um comprador louco e milionário me parece fantasiosa", disse.


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