São Paulo, quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

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Inglaterra faz festa para Darwin

Lançamentos de livros, exposições e eventos celebram cientista, que completaria 200 anos hoje

"Origem das Espécies" ganha reedição ilustrada por Damien Hirst; no Brasil, mercado editorial não se anima com a efeméride

SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de passar os últimos anos como pivô de um violento debate entre ateístas e seus opositores, discussão sobre a qual não teve interesse direto em vida, Charles Darwin finalmente terá uma festa que celebrará sua principal obra.
"A Origem das Espécies" (1859), está no centro das comemorações da efeméride de 200 anos do naturalista, nascido em 12 de fevereiro de 1809.
Nela, o cientista britânico expôs o que muitos consideram ser a principal ideia científica da história, a de que os seres vivos mudam para adaptar-se às condições do ambiente ao longo dos tempos, por meio do processo de seleção natural.
O lançamento, hoje, em Londres, de uma reedição ilustrada pelo britânico Damien Hirst, artista contemporâneo que realiza obras com animais, dá início a uma intensa programação que se estenderá até o final do ano. Já em Oxford, haverá um debate entre o evolucionista Richard Dawkins e o bispo Richard Harries.
Enquanto aqui a efeméride ainda não causa grande movimentação no mercado editorial, no Reino Unido novos estudos iluminam diversos aspectos da trajetória do cientista. Dois títulos se destacam.
O primeiro é "Darwin's Island - The Galapagos in the Garden of England" (a ilha de Darwin - Galápagos no jardim da Inglaterra), de Steve Jones. O geneticista mostra como passagens da vida pessoal do cientista influenciaram suas ideias.
Darwin (1809-1882), como muitos da típica família vitoriana de que fazia parte, casou-se com uma prima, com quem teve dez filhos, alguns com sérios problemas de saúde.
A partir dessas tragédias familiares, o cientista passou a refletir sobre a possibilidade de o cruzamento sexual entre parentes gerar prole deficiente.
O segundo é "Darwin's Sacred Cause - How a Hatred of Slavery Shaped Darwin's Views on Human Evolution" (a causa sagrada de Darwin - como o ódio à escravidão moldou as ideias de Darwin sobre a evolução humana). Nele, os historiadores da ciência Adrian Desmond e James Moore ressaltam sua faceta abolicionista. Nenhum dos dois livros tem previsão de edição no Brasil.
Haverá também exposições e painéis em diversas universidades e cidades britânicas. À Folha Bob Bloomfield, que comanda o projeto Darwin200, disse que esses eventos vão privilegiar o legado científico de Darwin, e num segundo plano o impacto que causou em outras áreas. "A teoria da evolução provocou uma mudança tão radical no pensamento humano que se expandiu para as artes e outras áreas. Lastimável que hoje tenha sido mal apropriada e usada como instrumento em debates sobre moral filosófica, política e religião", declarou.


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