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Inglaterra faz festa para Darwin
Lançamentos de livros, exposições e eventos celebram cientista, que completaria 200 anos hoje
"Origem das Espécies" ganha reedição ilustrada por Damien Hirst; no Brasil, mercado editorial não se anima com a efeméride
SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de passar os últimos
anos como pivô de um violento
debate entre ateístas e seus
opositores, discussão sobre a
qual não teve interesse direto
em vida, Charles Darwin finalmente terá uma festa que celebrará sua principal obra.
"A Origem das Espécies"
(1859), está no centro das comemorações da efeméride de
200 anos do naturalista, nascido em 12 de fevereiro de 1809.
Nela, o cientista britânico expôs o que muitos consideram
ser a principal ideia científica
da história, a de que os seres vivos mudam para adaptar-se às
condições do ambiente ao longo dos tempos, por meio do
processo de seleção natural.
O lançamento, hoje, em Londres, de uma reedição ilustrada
pelo britânico Damien Hirst,
artista contemporâneo que
realiza obras com animais, dá
início a uma intensa programação que se estenderá até o final
do ano. Já em Oxford, haverá
um debate entre o evolucionista Richard Dawkins e o bispo
Richard Harries.
Enquanto aqui a efeméride
ainda não causa grande movimentação no mercado editorial, no Reino Unido novos estudos iluminam diversos aspectos da trajetória do cientista. Dois títulos se destacam.
O primeiro é "Darwin's Island - The Galapagos in the
Garden of England" (a ilha de
Darwin - Galápagos no jardim
da Inglaterra), de Steve Jones.
O geneticista mostra como passagens da vida pessoal do cientista influenciaram suas ideias.
Darwin (1809-1882), como
muitos da típica família vitoriana de que fazia parte, casou-se
com uma prima, com quem teve dez filhos, alguns com sérios
problemas de saúde.
A partir dessas tragédias familiares, o cientista passou a
refletir sobre a possibilidade de
o cruzamento sexual entre parentes gerar prole deficiente.
O segundo é "Darwin's Sacred Cause - How a Hatred of
Slavery Shaped Darwin's Views
on Human Evolution" (a causa
sagrada de Darwin - como o
ódio à escravidão moldou as
ideias de Darwin sobre a evolução humana). Nele, os historiadores da ciência Adrian Desmond e James Moore ressaltam sua faceta abolicionista.
Nenhum dos dois livros tem
previsão de edição no Brasil.
Haverá também exposições e
painéis em diversas universidades e cidades britânicas. À Folha Bob Bloomfield, que comanda o projeto Darwin200,
disse que esses eventos vão privilegiar o legado científico de
Darwin, e num segundo plano o
impacto que causou em outras
áreas. "A teoria da evolução
provocou uma mudança tão radical no pensamento humano
que se expandiu para as artes e
outras áreas. Lastimável que
hoje tenha sido mal apropriada
e usada como instrumento em
debates sobre moral filosófica,
política e religião", declarou.
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