São Paulo, sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

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Fotógrafo registra extravagâncias fashion dos dândis congoleses

BRUNA BITTENCOURT
DA REPORTAGEM LOCAL

Eles vestem ternos ultracoloridos, usam chapéus, luvas e prezam por boas maneiras. São os sapeurs -dândis congoleses que chamam a atenção em meio à paisagem africana.
O nome vem de S.A.P.E., abreviação para Sociedade das Pessoas Elegantes (em uma tradução livre do francês), grupo formado em Brazzaville, capital da República do Congo.
O estilo singular dos sapeurs foi registrado em "Gentlemen of Bacongo" (cavalheiros de Bacongo; Trolley Books; 224 págs.; US$ 27), livro do fotógrafo italiano Daniele Tamagni, que conta com prefácio escrito pelo estilista inglês Paul Smith.
O designer britânico se inspirou nas imagens do fotógrafo para a última coleção feminina de verão de sua marca, que exibiu uma profusão de peças de alfaiataria em cores vivas.
"Os sapeurs não são homens ricos, têm uma vida comum, mas durante alguns eventos transformam-se com suas roupas", contou Tamagni à Folha. O fotógrafo conheceu o grupo quando foi ao Congo, em 2006, a convite de uma revista italiana. "Fiquei maravilhado com o estilo único daqueles homens."
Os primeiros sapeurs surgiram na década de 20, influenciados por colonizadores franceses. Os membros do grupo cultuam grifes e seguem padrões específicos de moda -recomenda-se, por exemplo, combinar até três cores em uma mesma roupa- e de conduta. "Eles frequentam a igreja e pregam em seus sermões a não violência e a boa educação", conta Tamagni, que vê semelhanças entre eles e outras culturas urbanas, como a hip hop. "Os sapeurs também têm códigos, rituais e hierarquia."
Por vezes criticados por sua obsessão fashion num país pobre como o Congo, os sapeurs são respeitados pela comunidade local por passarem uma imagem de otimismo com suas extravagâncias. "Apesar da pobreza, hoje as pessoas vivem melhor do que há dez anos, quando o país enfrentava a guerra. Nesse contexto, as roupas luxuosas dos sapeurs aparecem como reflexos do sonho de construir uma vida mais confortável", completa o fotógrafo.


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