São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2011

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Augusto leva obra "verbivocovisual" ao Mac e atualiza poema com Youtube

DE SÃO PAULO

Numa entrevista em 2006, Augusto de Campos dizia que lhe agradava notar que a poesia concreta havia antecipado as "expansões interdisciplinares das artes".
"Os novos artefatos agilizados para o consumo são portadores de informações transformadoras (...) e podem contribuir para alargar o horizonte da sensibilidade e subverter as regras do jogo. Cada vez mais acessível ao nível doméstico, a tecnologia dá uma grande ajuda aos projetos pessoais e independentes e alimenta uma comunicação sem precedentes entre "guetos" poéticos."
Aos 80 anos, o próprio poeta é parte desse processo ao adequar ao século 21 sua obra "verbivocovisual".
Segundo amigos e o filho Cid, Augusto se mantém ativo. Usa o computador, um Macintosh, para fazer animações e clipes dos próprios poemas, realiza novas traduções (Cid musicou algumas inéditas de Emily Dickinson) e trabalha com música.
Ao lado de Adriana Calcanhoto, pai e filho apresentaram recentemente o espetáculo "Poemúsica", que Cid espera retomar neste ano.
O último inédito conhecido de Augusto é o poema visual "tvgrama 4 - erratum", publicado na revista "Poiesis" no ano passado.
No "tvgrama 1", o poeta se dirige a um dos seus mentores: "Ah, Mallarmé/ a carne é triste/ e ninguém te lê/ tudo existe/ pra acabar em tv".
O poema atualizado (e despido da apresentação gráfica) diz: "Ah Mallarmé/ a poesia resiste/ se a tv não te vê/ o cibercéu te assiste/ em quick time e flv/ já pairas sobre os sub/ tudo existe/ para acabar em youtube".
Augusto, afirma Cid, está bem de saúde. De acordo com amigos, o único problema é uma neuralgia do trigêmeo, dor de cabeça lancinante provocada por irritação ou lesão do nervo craniano de mesmo nome.
(FV)


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