São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

"Nixon na China" chega hoje aos cinemas do Brasil

Nova montagem da ópera de 1987 será transmitida de Nova York para cinemas de dez cidades brasileiras

Inspirada em fatos reais, a trama narra o encontro do presidente Richard Nixon com o chinês Mao Tsé-tung

ÁLVARO FAGUNDES
DE NOVA YORK

Richard Nixon (1913-1994) é um homem de casa lotada. O polêmico presidente americano que teve de renunciar em 1974 para não sofrer impeachment continua a chamar as atenções.
A versão de Nixon que faz sucesso, porém, é a do estadista que foi à China em 1972 para abrir relações diplomáticas com o regime comunista -em formato de ópera.
"Nixon na China", uma das mais importantes óperas do final do século passado, estreou neste mês no Metropolitan Opera, em Nova York, quase 25 anos depois de ter chegado aos palcos, na cidade de Houston.
A montagem será transmitida hoje de Nova York para dez cidades brasileiras -São Paulo, Rio, Niterói, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Brasília, Salvador, Vitória e Campinas.
Composta por John Adams (autor de "Dr. Atomic", sobre a fabricação da primeira bomba atômica), ela é construída em torno de fatos -como o banquete à comitiva americana-, mas os personagens são mais caricatos que pessoas reais, especialmente Henry Kissinger, o secretário de Estado de Nixon.
A ópera mostra o encontro de Nixon com o ditador chinês Mao Tsé-tung (1893-1976), um marco do século 20 que reverbera ainda hoje: de "império do mal", a China passou, hoje, a principal financiadora da dívida americana e maior ameaça ao domínio global dos EUA.
"Essa ópera tem como foco uma época em que o comunismo era visto como a principal ameaça aos valores liberais ocidentais", afirma Adams.
Para o compositor, Nixon representava a ideologia de mercado e de que tudo tem um preço, enquanto Mao significava o Estado de bem-estar social levado ao extremo -quem não se curvava ao plano era dispensável.

JAMES MADDALENA
A ópera que chegou ao Met é baseada na versão original, de 1987, e foi vista pela primeira vez na English National Opera, em 2006. O próprio Adams é o regente da ópera em três atos, com duração de três horas e 40 minutos, dirigida por Peter Sellars.
Um dos remanescentes da primeira versão é o barítono James Maddalena, que representa o presidente, mas quem vem recebendo os maiores elogios é a soprano Janis Kelly, que está no papel da primeira-dama Pat Nixon.
A recepção da imprensa americana à versão apresentada no Met tem sido em grande parte positiva.
De acordo com o "New York Times", a ""ópera parece mais audaciosa, comovente e teatral do que nunca".
Para o "New York Observer", porém, a peça falha nos "pontos que sempre importam em uma ópera": produção, falas e música. "Para quem chegou saudado como um clássico, precisando apenas da benção oficial do Met para entrar no repertório, este "Nixon" é maçante e pesado."

NIXON NA CHINA
DIREÇÃO Peter Sellars
PRODUÇÃO EUA, 2011
COM James Maddalena, Robert Brubaker
ONDE hoje, às 16h, nos cines Eldorado Cinemark, Kinoplex Itaim e Metrô Santa Cruz Cinemark
QUANTO R$ 60
CLASSIFICAÇÃO livre



Texto Anterior: Augusto leva obra "verbivocovisual" ao Mac e atualiza poema com Youtube
Próximo Texto: Depoimento: Primeira versão trazia Henry Kissinger como vilão histriônico
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.