São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2011

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Livro marca onda de Hitchcock na França

Nova biografia do cineasta é lançada em meio a montagens teatrais sobre sua obra e retrospectivas em Paris e Lyon

Pesquisa do americano Patrick McGilligan revê clichês e revela que o diretor era um homem divertido e charmoso

BRUNO GHETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS

Nunca se foi tanto ao cinema na França como em 2010, mas o cineasta que não sai da boca dos cinéfilos já não faz filmes há 35 anos: Alfred Hitchcock (1899-1980).
Uma retrospectiva com todos os filmes do diretor na Cinemateca de Paris, uma mostra no Instituto Lumière, de Lyon, e peças teatrais levando o universo do cineasta aos palcos são alguns dos sinais da hitchcockmania que a França vive atualmente.
A onda ganha força com o lançamento no país de uma nova biografia sobre o diretor, "Hitchcock: Une Vie d'Ombres et de Lumière" (Hitchcock: uma vida de sombras e luz), do americano Patrick McGilligan.
O livro de McGilligan (lançado nos EUA em 2003, sem previsão de lançamento no Brasil) quebra um pouco a imagem de Hitch como o diretor bonachão e assexuado que maltratava suas atrizes. Ele foi tudo isso, mas também um homem divertido, que, entre outras atividades, foi jogador de tênis e até dançarino na juventude. Também autor das biografias de Clint Eastwood e Jack Nicholson, McGilligan falou à Folha.

 

Folha - Lá se vão 35 anos desde o último filme de Hitchcock ("Trama Macabra"). Mas, de tempos em tempos, a hitchcockmania ressurge com força. Qual é a razão?
Patrick McGilligan -
A marca Alfred Hitchcock foi muito bem cuidada. Seus filmes foram preservados, relançados e revendidos em diversos formatos. As pessoas conhecem bem seu rosto porque ele aparecia em seus filmes. Conscientemente, ele criou seu nome como uma marca de qualidade. Ele é garantia de segurança para o público.

Vários livros sobre a vida e obra de Hitchcock já foram escritos. Você não achou que todos os aspectos já tinham sido explorados?
Sim, rejeitei a proposta do editor de escrever sobre ele por vários anos. Decidi reler os livros sobre o diretor e, surpreendentemente, notei que havia enormes lacunas e omissões que eu poderia preencher.

Você não acha que os críticos às vezes "superinterpretam" a obra de Hitchcock? Como as análises psicológicas das personagens, por exemplo.
Concordo plenamente. Hitchcock tem uma filosofia profunda de vida e morte, muito católica, aliás. Mas ele mesmo não se levava tão a sério. Estava fora de suas ambições fazer grandes revelações e enunciados sobre a condição humana. Seus filmes trazem pontos de vista interessantes, mas acima de tudo são entretenimento.

Os clichês sobre Hitchcock correspondem a quem ele foi realmente?
Não. Na juventude, ele foi um dos diretores mais divertidos e charmosos. As pessoas se sentiam sortudas se convidadas para trabalhar ou mesmo jantar na casa dele. Ele adorava e era adorado pelos atores e roteiristas.

ALFRED HITCHCOCK : UNE
VIE D'OMBRES ET DE
LUMIÈRE

AUTOR Patrick McGilligan
EDITORA Actes Sud (importado)
QUANTO 32 (cerca de R$ 72; 1.130 págs.)



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