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Pioneira da videoarte brasileira,
Leticia Parente ganha mostra
Baiana inaugurou experimentações nos anos 70 ao subverter o cotidiano
ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Sentada em uma cadeira,
uma mulher se prepara para
costurar. Pega agulha e linha,
ajeita um dos pés sobre a perna
e, letra por letra, borda "made
in Brazil" na planta do pé. O registro em vídeo dessa performance, realizada em 1975 pela
baiana Leticia Parente (1930-1991), é considerado um clássico dos primeiros trabalhos de
videoarte brasileiros.
Esse e outros dez vídeos da
artista serão exibidos a partir
de hoje na mostra retrospectiva
"Preparações e Tarefas.Leticia
Parente", no Paço das Artes.
Destes trabalhos, feitos entre
1975 e 1981, cinco são mostrados pela primeira vez após a
restauração.
Projetados de maneira que
"conversem" entre si, os vídeos
registram tarefas cotidianas
subvertidas. "Os vídeos são
preparações e tarefas cotidianas que Leticia usa para criticar
o papel da mulher ou a questão
social e política que estava vivendo. Eles têm múltiplas leituras", explica o curador da
mostra, André Parente, filho da
artista e ele próprio criador e
pesquisador.
"São coisas banais do cotidiano. Costurar no pé, por exemplo, é comum no Nordeste, onde as pessoas se divertiam fazendo um pequeno bordado.
Ela fez disso um grito sobre coisas que vivia, desde a situação
da mulher até a ditadura."
Cientista formada em química -área na qual se destacou e
foi premiada-, Letícia Parente
fez sua primeira individual em
1976, no MAM do Rio. Ali, colocou em prática sua "arte e ciência", tomando medidas do corpo dos espectadores e comparando-as a padrões científicos.
Ela fazia essas experimentações ao lado de outros pioneiros da arte eletrônica, como
Paulo Herkenhoff, Ana Bella
Geiger, Fernando Cocchiarale
e Sonia Andrade. Todos aparecem reunidos brincando de "telefone sem fio" em um dos vídeos em cartaz no Paço.
PREPARAÇÕES E TAREFAS.
LETICIA PARENTE
Quando: hoje, às 19h; ter. a sex.:
11h30 às 19h; sáb. e dom.: 12h30 às
17h30; até 20/5
Onde: Paço das Artes (av. da Universidade, 1, Butantã, tel. 3814-4832)
Quanto: entrada franca
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