São Paulo, sábado, 12 de março de 2011

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Acervo Folha registra Copas do Mundo

Arquivo digitalizado disponível na rede mostra que futebol cresceu em importância desde a derrota de 1950

Enquanto o Brasil organiza Copa de 2014, arquivo mostra como o esporte foi tratado nas páginas do jornal

DE SÃO PAULO

Nelson Rodrigues costumava dizer que a derrota do Brasil para o Uruguai, na Copa de 1950, legara ao país um "complexo de vira-latas". "Foi uma humilhação nacional que nada, absolutamente nada, pode curar", escreveu, em 1958, na "Manchete".
No entanto, ao se levar em conta a edição da "Folha da Noite" de 17 de julho de 1950, dia seguinte à derrota, o trauma não foi instantâneo.
Embora houvesse um texto interno intitulado "Após tantas esperanças a suprema desilusão", a primeira página trazia apenas uma pequena referência ao montante levantado pela competição: "A renda da Copa do Mundo".
No lugar do esporte, o jornal preferiu destacar a ajuda do Brasil à ONU, na Guerra da Coreia. A segunda principal notícia era de que João Martins Filho seria "provável candidato a vice-governador" de São Paulo.
Uma busca no Acervo Folha (acervo.folha.com.br), serviço que dá acesso na internet a cerca de 1,8 milhão de páginas da "Folha da Noite", da "Folha da Manhã" e da Folha desde 1921, mostra que o futebol foi ganhando gradativamente mais espaço nas páginas dos jornais.
Em 30 de junho de 1958, dia seguinte à final da Copa da Suécia, vencida pelo Brasil, a "Folha da Noite" destacava que "O mundo conheceu ontem, afinal, os seus verdadeiros mestres". Mas o assunto não monopolizava a primeira página.
A capa do jornal trazia uma foto de Juscelino Kubitschek, sob o título "Nega-se o chefe da nação, em Brasília, a falar sobre reforma ministerial". Havia, ainda, a manchete "Músico brasileiro premiado em Versalhes", a respeito de Mário C. dos Santos, instrumentista da Orquestra Sinfônica de Recife.
Em 22 de junho de 1970, dia que sucedeu a conquista do tricampeonato mundial, no México, o espaço dedicado à vitória, na capa do jornal, era integral, com sete fotos do jogo.
"Eles voltam amanhã com a Taça", informava a Folha (jornal que, então, já ocupava o lugar da "Folha da Manhã" e da "Folha da Noite", fundidos em 1960). Em tempos de ditadura e milagre econômico, o periódico noticiava que "Médici participa do entusiasmo do povo".

GANHANDO ESPAÇO
Em 1º de julho de 2002, dia seguinte ao último Mundial conquistado pelo Brasil, o espaço dedicado à vitória só não foi integral porque morrera, na véspera, o líder espírita Chico Xavier. O jornal trazia um caderno especial de 30 páginas sobre a Copa.
Em tempo: nem só de vitórias vive o esporte -e o jornalismo esportivo. Em 1998, quando o Brasil perdeu a final da Copa para a França, o jornal -salvo por uma nota sobre eleições japonesas- dedicou a primeira página inteira à derrota. Situação bastante distinta do que ocorrera meio século antes, em 1950.


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