São Paulo, Sexta-feira, 12 de Março de 1999
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Milhões são gastos para promover "Vida"

de Nova York

"Eu nunca vi gastarem tanto dinheiro num filme estrangeiro. Não sei se estão fazendo alguma coisa de ilegal, mas não acho correta a estratégia. "Central do Brasil" é o melhor filme, mas a escolha para o Oscar tende a ser baseada na publicidade e não na qualidade, o que nos deixa como azarões". Essa é a opinião de Arthur Cohn, produtor do filme brasileiro, com a bagagem de já ter vencido três Oscar.
"Estamos em Los Angeles há quatro semanas tentando convencer os membros da Academia a assistirem ao nosso filme. Mas, por ser falado em português, é uma missão difícil", disse.
"Nosso adversário, "A Vida é Bela", está gastando em anúncios em revistas, televisão e jornais. Não acho que toda a badalação em torno do filme corresponde à qualidade dele", afirmou.
A Miramax está gastando US$ 9,25 milhões para promover "A Vida É Bela", principal concorrente de "Central do Brasil".
"A Vida" se tornou o filme de língua estrangeira mais assistido na história dos EUA, com mais de US$ 22 milhões em bilheteria.
O filme está concorrendo a sete estatuetas, entre elas a de melhor filme (com chances remotas) e melhor filme estrangeiro.
O ator e diretor Roberto Benigni está há mais de 70 dias nos EUA promovendo o filme. O estúdio também vem pagando jantares para que Benigni apareça ao lado de figuras de renome em Hollywood. Assim, Benigni já apareceu nos jornais jantando com Kirk Douglas, Jack Lemmon, Elizabeth Taylor, Helen Hunt e outros.
"Central" tem um orçamento mais modesto, com cerca de US$ 250 mil, e o usa para pagar anúncios em revistas especializadas, como "Hollywood Reporter", e sessões de exibição privativas.
A atriz Fernanda Montenegro foi levada, no mês passado, ao "David Letterman Show", o programa de entrevistas mais assistido no país.
De Vitória da Conquista (BA), o diretor Walter Salles evitou a polêmica. "Como já disse, o território do Oscar é uma terra estrangeira para mim. O Oscar é um prêmio dado por uma indústria, com critérios próprios, dificilmente decodificáveis. Prefiro, portanto, não fazer qualquer previsão ou julgar a estratégia de gastos da Miramax", afirmou. (MaD)


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