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Villas Bôas tentou achar restos mortais de Fawcett
Indigenista encontrou ossos em 1951, mas se provou que não eram do coronel
Assis Chateaubriand, Antonio Callado e Peter Fleming escreveram sobre Fawcett após sua suposta morte às margens do Xingu
DA REPORTAGEM LOCAL
Dentre as diversas histórias
estranhas que sucederam ao
desaparecimento de Fawcett,
uma das mais curiosas diz respeito a uma ossada encontrada
pelo indigenista Orlando Villas
Bôas (1914-2002) na região do
Xingu em 1952.
O sertanista, que havia feito
contato recente com os kalapalo, acreditava que fossem os
restos mortais do coronel Fawcett. Mas a suspeita não se
comprovou, conforme relatou
o jornalista Antonio Callado
(1917-1997) em um de seus primeiros livros, "Esqueleto na
Lagoa Verde" (1953).
Uma das hipóteses levantadas foi de que os kalapalo mataram Fawcett, seu filho Jack e
um amigo de Jack chamado Raleigh Rimmell porque eles se
recusaram a dormir na cabana
de um dos índios por considerá-la suja demais. Esse índio,
ofendido, teria matado Fawcett
a bordunadas, enquanto outros
flecharam Jack e Raleigh.
Seja como for, a ossada descoberta por Villas Bôas foi notícia no mundo todo. Assis Chateaubriand, dono de um império de jornais à época, convidou
outro filho de Fawcett, Brian,
para visitar o Brasil e os índios
que teriam matado seu pai. Mas
um dentista que havia tratado
de Fawcett desmentiu que o
crânio fosse do inglês.
Antes disso, desde o desaparecimento do coronel, em 1925,
diversas expedições de busca
haviam acontecido. Uma delas,
patrocinada pelo jornal inglês
"The Times", foi realizada em
1933 por Peter Fleming, irmão
do criador do "007", Ian Fleming. Resultou no livro "Brazilian Adventure" (aventura brasileira), que teria vendido 600
mil exemplares da Europa.
E histórias fantásticas não
paravam de pipocar: em 1932,
um caçador suíço relatou que
tivera um encontro com Fawcett na floresta no ano anterior.
Em 1937, uma missionária
americana disse ter encontrado um filho de Jack Fawcett
com uma índia. A criança, branca e de olhos azuis, foi objeto de
novas buscas infrutíferas.
E, finalmente, há os esotéricos da seita Núcleo Teúrgico,
que acreditavam que Fawcett
encontrou sua cidade perdida e
lá viveu feliz até 1957, aos 90
anos, "quando se desmaterializou de vez", segundo conta
Hermes Leal, em seu livro "O
Enigma do Coronel Fawcett".
A seita não sobreviveu à morte de seu líder, Udo Luckner,
em 1986. Mas sobreviveu ao
fim do mundo, cuja data Luckner havia proclamado para
1982. Menos mal.
(IVAN FINOTTI)
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