São Paulo, domingo, 12 de abril de 2009

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Villas Bôas tentou achar restos mortais de Fawcett

Indigenista encontrou ossos em 1951, mas se provou que não eram do coronel

Assis Chateaubriand, Antonio Callado e Peter Fleming escreveram sobre Fawcett após sua suposta morte às margens do Xingu


DA REPORTAGEM LOCAL

Dentre as diversas histórias estranhas que sucederam ao desaparecimento de Fawcett, uma das mais curiosas diz respeito a uma ossada encontrada pelo indigenista Orlando Villas Bôas (1914-2002) na região do Xingu em 1952.
O sertanista, que havia feito contato recente com os kalapalo, acreditava que fossem os restos mortais do coronel Fawcett. Mas a suspeita não se comprovou, conforme relatou o jornalista Antonio Callado (1917-1997) em um de seus primeiros livros, "Esqueleto na Lagoa Verde" (1953).
Uma das hipóteses levantadas foi de que os kalapalo mataram Fawcett, seu filho Jack e um amigo de Jack chamado Raleigh Rimmell porque eles se recusaram a dormir na cabana de um dos índios por considerá-la suja demais. Esse índio, ofendido, teria matado Fawcett a bordunadas, enquanto outros flecharam Jack e Raleigh.
Seja como for, a ossada descoberta por Villas Bôas foi notícia no mundo todo. Assis Chateaubriand, dono de um império de jornais à época, convidou outro filho de Fawcett, Brian, para visitar o Brasil e os índios que teriam matado seu pai. Mas um dentista que havia tratado de Fawcett desmentiu que o crânio fosse do inglês.
Antes disso, desde o desaparecimento do coronel, em 1925, diversas expedições de busca haviam acontecido. Uma delas, patrocinada pelo jornal inglês "The Times", foi realizada em 1933 por Peter Fleming, irmão do criador do "007", Ian Fleming. Resultou no livro "Brazilian Adventure" (aventura brasileira), que teria vendido 600 mil exemplares da Europa.
E histórias fantásticas não paravam de pipocar: em 1932, um caçador suíço relatou que tivera um encontro com Fawcett na floresta no ano anterior.
Em 1937, uma missionária americana disse ter encontrado um filho de Jack Fawcett com uma índia. A criança, branca e de olhos azuis, foi objeto de novas buscas infrutíferas.
E, finalmente, há os esotéricos da seita Núcleo Teúrgico, que acreditavam que Fawcett encontrou sua cidade perdida e lá viveu feliz até 1957, aos 90 anos, "quando se desmaterializou de vez", segundo conta Hermes Leal, em seu livro "O Enigma do Coronel Fawcett".
A seita não sobreviveu à morte de seu líder, Udo Luckner, em 1986. Mas sobreviveu ao fim do mundo, cuja data Luckner havia proclamado para 1982. Menos mal. (IVAN FINOTTI)


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